WEG é aposta para surfar tendências da indústria e de energia, aponta BTG

Segundo analistas, ações da companhia também têm perfil defensivo para a volatilidade do mercado global

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Bloomberg Línea — A WEG (WEGE3) e a Tupy (TUPY3) estão “bem equipadas” para explorar as tendências de longo prazo da indústria global automotiva e de energia, com destaque para a transformação do portfólio de produtos da Tupy após a aquisição da MWM Brasil e o processo de produção vertical da WEG, escreveram analistas do BTG Pactual (BPAC11) em relatório divulgado nesta semana.

Os analistas do banco Lucas Marquiori, Fernanda Recchia e Aline Gil reiteraram a recomendação de compra para as ações de ambas as empresas após uma visita às respectivas fábricas em Joinville (SC) e Jaraguá do Sul (SC) na semana passada.

Com queda acumulada de 21% neste ano, os papéis ordinários da WEG terminaram negociados a R$ 25,91 no fechamento desta quinta. A empresa de motores elétricos, transformadores e geradores se tornou uma das figuras carimbadas em portfólios e carteiras recomendadas para investidores pessoa física nos últimos anos, com valorização de 250% desde 2017. Cerca de 390 investidores pessoa física são acionistas da companhia, segundo os números mais recentes da B3 (B3SA3).

Agora, no entanto, com a volta dos juros altos, que valorizam a renda fixa, e alguns desafios no processo logístico da empresa, as ações da companhia perderam parte do ímpeto de alta - mas sem prejudicar o core business, segundo analistas.

No final de abril, a WEG reportou um lucro líquido de R$ 943,9 milhões no primeiro trimestre de 2022 — uma alta de 23,5% na comparação com o mesmo período do ano passado. A receita da companhia cresceu 34,5%, para R$ 6,83 bilhões.

Segundo os analistas do BTG, houve melhoria na automação e robotização do processo produtivo da empresa desde a última visita do banco. O avanço gradual nesse sentido, escrevem, permite com que a WEG produza em larga escala a um custo menor para os clientes.

A empresa catarinense se viu como uma das poucas companhias brasileiras afetadas positivamente pelo caos logístico global que atingiu os mercados durante e no pós-pandemia, ganhando participação entre produtores excessivamente dependentes de fornecedores atingidos pelas restrições.

Somente as exportações de componentes eletroeletrônicos, que representam quase metade do que a empresa produz, subiram 34,8% entre o primeiro trimestre de 2021 e o mesmo período de 2022.

Os analistas do BTG também destacaram que o início das operações em outras regiões, como Índia e Turquia, devem apoiar o crescimento no mercado de exportação.

A ação da WEG está cara?

De acordo com informações compiladas pela Bloomberg, as ações da WEG têm sete recomendações de compra, ou equivalente a isso, três neutras e uma de venda dentre 11 das principais casas de análises globais (bancos de investimento em geral).

O Bradesco BBI, um das que consideram os papéis com recomendação neutra, disse em relatório logo após os resultados do primeiro trimestre, em abril, que a WEG vem conseguindo navegar no cenário de preços de materiais mais elevados e volatilidade cambial, aproveitando a forte carteira de projetos e a crescente demanda por equipamentos industriais.

Ainda assim, segundo os analistas liderados por Victor Mizusaki, as margens da companhia nos próximos trimestres deverão continuar a ser pressionadas pela inflação de custos e pela maior participação de projetos eólicos.

Já os analistas da XP, que têm recomendação de compra para o papel, escreveram no início desta semana que, apesar do desempenho relativo da WEG mais fraco nos últimos meses, a atual avaliação do mercado é que as ações “não refletem as fortes perspectivas de crescimento e spreads de retorno da WEG”.

Para Lucas Laghi e Pedro Bruno, que assinam o relatório, há altas expectativas de crescimento para a empresa, dado o sólido posicionamento em mercados em expansão, além de retornos sustentáveis, o que não estaria totalmente refletido no preço da ação.

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