Bloomberg Línea — A Via (VIIA3), dona das Casas Bahia e da rede Ponto, antigo Ponto Frio, movimentou no primeiro trimestre do ano R$ 10,6 bilhões por meio de todas as suas plataformas de vendas (GMV). O volume representa um crescimento de 3,3% em comparação ao mesmo período do ano passado, quando a empresa girou R$ 10,3 bilhões em vendas. Apesar do aumento de transações, a receita líquida da empresa nos três primeiros meses do ano encolheu 2% para R$ 7,4 bilhões.
Na última linha do balanço, a empresa fechou o primeiro trimestre do ano com um lucro líquido de R$ 86 milhões. Operacionalmente, o resultado representa uma queda de 52,2% em comparação ao mesmo período do ano passado. Contudo, levando-se em consideração os R$ 117 milhões de incentivos de subvenção de anos anteriores, o desempenho do primeiro trimestre foi 36,5% maior.
“Conseguimos crescer e ter rentabilidade. Janeiro foi um pouco mais complexo, parecido com o que foi o quarto trimestre, mas a partir de meados de fevereiro começamos a ver uma boa melhora, principalmente com o retorno da loja física”, afirma Roberto Fulcherberguer, CEO da Via, à Bloomberg Línea.
Inflação e juros altos
Apesar dos efeitos macroeconômicos que têm afetado as vendas do varejo como um todo, Fulcherberguer considera que o impacto, especialmente da inflação, já tem sido sentido ao longo dos últimos 12 meses, principalmente com a alta do câmbio. O executivo não espera por uma queda nos preços no curto prazo, especialmente nos eletroeletrônicos, carro-chefe da companhia.
No que diz respeito aos juros, a capacidade de suavizar os valores nas prestações é vista como um ponto forte da empresa. “Mesmo com os juros em alta, as vendas não caem porque conseguimos adequar o valor ao tamanho do bolso dos consumidores. A realidade é que o consumidor continua comprando e temos no financiamento uma ferramenta importante para ajudar”, diz Fulcherberguer.
A Via encerrou o primeiro trimestre de 2020 com uma carteira de crédito de R$ 5,2 bilhões. O valor é 12% superior ao crediário existente no mesmo período do ano passado. Mesmo com os atuais níveis de desemprego e taxa de juros, a taxa de inadimplência tem se mantido abaixo dos 4%, patamar considerado sob controle pela empresa.
Online X Loja física
O executivo explica que está cada vez mais difícil identificar onde a venda é originada, dado o comportamento do consumidor, que pode iniciar a compra em um canal e concluir em outro. Seja como for, ele considera que a presença da loja física ajuda, em muito, os negócios online, especialmente onde a presença da empresa não era tão relevante.
“Quando abrimos uma loja em uma nova região, as vendas do e-commerce cresce de duas a três vezes naquela localidade. A loja física virou um centro de relacionamento com os consumidores”, afirma Fulcherberguer. No primeiro trimestre, a Via abriu 22 novas lojas, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, e devem chegar ao fim do ano com pelo menos 80 novos pontos de venda físico.
Nesse cenário, a Via ainda enxerga nas lojas físicas um fator diferencial para o seu negócio, mesmo com as vendas online registrando um forte crescimento. Antes da pandemia, a penetração das vendas online era de 10%. Hoje esse percentual gira entre 16% e 17%, mas ainda muito concentrado no eixo São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
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