Bloomberg — Uma empresa chinesa de fast fashion sem rede global de lojas físicas visa um valutation que pode ser maior do que o valor combinado das lojas Hennes & Mauritz (a H&M) e Zara, da Inditex.
A Shein, varejista online de roupas, produtos de beleza e estilo de vida acessíveis que lança mais de 6 mil novos itens diariamente, está conversando com possíveis investidores, incluindo a General Atlantic, para uma rodada de financiamento que pode avaliar a empresa em cerca de US$ 100 bilhões, segundo noticiado pela Bloomberg News no domingo (3).
Se a Shein tiver sucesso na rodada, isso a tornaria duas vezes mais valiosa que a Fast Retailing, com sede em Tóquio e proprietária da Uniqlo, que no ano passado teve mais de 2,3 mil lojas em 25 países e regiões. Isso também tornaria a Shein a startup mais valiosa do mundo depois da ByteDance e da SpaceX, segundo a provedora de dados CB Insights.
Embora as rodadas de financiamento indiquem o valor de um negócio de maneira ampla, as ofertas públicas iniciais oferecem uma visão mais nítida se uma base mais ampla de investidores compartilhar o mesmo entusiasmo, principalmente depois que os livros contábeis são abertos ao público para escrutínio. A maioria consegue obter o valuation pleiteado – às vezes até mais – mas alguns não conseguem. A Shein não revelou nenhum plano de IPO.
Desde o seu lançamento em 2012, a Shein desenvolveu uma extensa rede de fornecedores de baixo custo no sul da China. Durante a pandemia, a empresa trabalhou com celebridades como Lil Nas X e Katy Perry para impulsionar seu perfil entre os consumidores da Geração Z fora da China.
No início da pandemia, a Shein se beneficiou das mudanças no comportamento dos consumidores, pois estes fizeram ainda mais compras online. O faturamento mais que triplicou em 2020, chegando a US$ 10 bilhões e tornando a Shein a maior marca de moda exclusiva da web do mundo.
A nova rodada de investimentos refletiria o impacto de um aumento no faturamento da Shein. Em agosto de 2020, a Shein tinha uma avaliação de US$ 15 bilhões, segundo o PitchBook.
O valuation potencialmente impressionante da Shein também mascara alguns dos efeitos adversos que a indústria de fast fashion exerce sobre o meio ambiente. Embora a empresa de capital fechado não tenha comentado sobre sua pegada de carbono, o setor é frequentemente culpado pela forte dependência de petroquímicos derivados do petróleo. A indústria da moda responde por até 10% da produção global de dióxido de carbono, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. O setor também responde por um quinto das 300 milhões de toneladas de plástico produzidas globalmente todos os anos; o material é a espinha dorsal do poliéster, que superou o algodão como matéria-prima na produção têxtil.
Em seu “Relatório de Sustentabilidade e Impacto Social” de 2021, a Shein disse que a moda tem um impacto inegável na saúde do planeta e que está lutando pelo desperdício zero e anunciaria sua meta até o final deste ano. Em dezembro, a empresa anunciou um fundo de US$ 10 milhões para apoiar organizações globais sem fins lucrativos focadas em capacitar empreendedores, apoiar comunidades carentes, garantir a saúde e o bem-estar animal e promover a reciclagem.
A marca chinesa também está passando por ventos desfavoráveis nos Estados Unidos, pois os legisladores de Washington estão considerando aprovar uma legislação que pode prejudicar suas vendas na maior economia do mundo. A Câmara dos Deputados aprovou em fevereiro o America Competes Act, que impediria as empresas chinesas de usar uma isenção atual que permite importações sem tarifas aduaneiras para pacotes com valor inferior a US$ 800.
O Senado aprovou um projeto de lei sem essa mudança, e os legisladores ainda não revelaram os termos da versão final.
Em um sinal de que Shein espera gozar de um crescimento contínuo nos EUA, a empresa anunciou recentemente planos para abrir um centro de distribuição em Indiana que empregará 850 funcionários. No mês passado, Shein também pactuou um novo programa com a Universidade de Indiana para oferecer bolsas de estudo para estudantes da área de negócios da universidade.
--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.
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