Tradicional fórmula de fundos dos EUA já tem perdas maiores que na crise de 2008

Fórmula consagrada pelo tempo de alocar 60% em renda variável e 40% em renda fixa registrou perda de 14% até agora neste trimestre

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Bloomberg — Os profissionais de Wall Street continuam a discordar sobre o futuro dos trilhões de dólares em fundos balanceados conhecidos como 60/40 - só que desta vez a estratégia de investimento registra perdas em uma escala que choca até mesmo seus maiores críticos.

Com ações e títulos do Tesouro americano em queda novamente graças à política monetária cada vez mais agressiva do Federal Reserve, a fórmula consagrada pelo tempo de alocar 60% em renda variável e 40% em renda fixa registrou perda de 14% até agora neste trimestre. Esse desempenho trimestral é pior do que nas profundezas da crise financeira global e durante a liquidação da pandemia, segundo dados compilados pela Bloomberg.

É o mais recente sinal de que o poder de proteção dos títulos continua a desaparecer na era de inflação alta, corroendo o patrimônio dos fundos de pensão americanos. Fica cada vez mais difícil descobrir se eles vão sair do buraco ou afundar mais, e se o mundo sucumbirá a mais inflação, recessão ou mesmo estagflação.

O Goldman Sachs (GS) acha que os Treasuries continuarão mortos como proteção devido ao aperto da política monetária. Outros como a JPMorgan (JPM), por outro lado, estimam que os rendimentos em máximas de vários anos farão com que os títulos compensem no próximo colapso do mercado.

“Durante 2008-2009, o colapso total das ações foi um golpe brutal no desempenho”, escreveram analistas do Bespoke Investment Group em nota. “Mas, apesar de um enorme aumento nos spreads de crédito, os títulos não caíram muito ou por muito tempo.”

Ao longo da última década, fundos de pensão investiram na convicção de que os títulos continuariam produzindo uma renda estável de forma confiável para compensar as perdas patrimoniais em qualquer desaceleração do mercado. Funcionou bem, com a estratégia 60/40 registrando perdas em apenas dois dos últimos 15 anos - tudo isso com uma volatilidade modesta. Mesmo no auge da crise financeira, quando as ações minaram o desempenho, a recuperação dos títulos do Tesouro americano amenizou as perdas das carteiras.

Mas este ano, a inflação se tornou um risco grande demais, atingindo tanto títulos quanto ações. A liquidação cruzada de ativos se intensificou na semana passada, após o maior aumento de juros do Fed desde 1994, com outro aumento grande a caminho. Tudo isso prejudica os fundos de pensão americanos em um grau que poucos imaginavam ser possível apenas algumas semanas atrás.

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