S&P 500 entra no bear market: o que isso significa para o investidor

Índice atinge patamar 20% abaixo do pico recente em janeiro; mercado já precifica alta de 75 pontos base no juro em decisão do Fed nesta quarta

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Bloomberg Línea — Agora é oficial: as bolsas americanas entraram no bear market, que simboliza o mercado em baixa nos Estados Unidos. Com a queda de 3,88% do S&P 500 nesta segunda-feira (13), o S&P 500, principal e mais abrangente índice de ações do mercado, acumula uma queda de 21,83% em relação ao pico mais recente, de 4.796,56 pontos atingido em 3 de janeiro deste ano. Fechou aos 3.749,63 pontos.

O Nasdaq 100, índice com cem das ações de tecnologia mais negociadas, recuou 4,68%. A queda desde o pico em 3 de janeiro já está em 34,50%.

A marca dos 20% de queda do S&P 500 simboliza a virada do mercado, afastando por ora - ou reduzindo de forma mais ampla - as chances de recuperação nos preços das ações no curto prazo. Os rendimentos dos Treasuries, os títulos do Tesouro americano, subiram para os patamares mais elevados em uma década, como reflexo da expectativa de juros mais elevados nos Estados Unidos.

A análise de outras ocasiões na história em que o S&P 500 entrou em bear market sugere que há mais perdas pelo caminho. Em média, o índice recuou 36% em relação ao pico no passado toda vez em que entrou no “mercado de baixa”.

As taxas de juros americanas estão atualmente no intervalo entre 0,75% e 1%, mas o mercado já começa a precificar patamares próximos de 4% em meados de 2023.

O Federal Reserve, o banco central americano, se reúne nesta terça (14) e quarta (15) para decidir sobre os juros, e parte do mercado já precifica uma alta de 75 pontos base - 0,75 ponto percentual - depois que o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de maio, divulgado na última sexta-feira (10) mostrou que a inflação ainda está em trajetória de alta. Ou seja, que o cenário pode exigir mais rigor do Fed.

Um aumento de juros mais acentuado pode levar a economia americana a um quadro de recessão, deprimindo os resultados das companhias. Isso explica o pessimismo que tomou conta do mercado nesta abertura da semana, com investidores se desfazendo de ações de maneira abrangente.

Estrategistas do Morgan Stanley, do Goldman Sachs e da BlackRock Investment Institute alertaram que os preços de ações ainda não refletem totalmente os riscos para os resultados das empresas.

A onda vendedora foi generalizada. O bitcoin, criptoativo mais negociado do mundo, atingiu o menor valor em 18 meses, abaixo de US$ 24 mil.

“Vai ficar um pouco mais feio”, disse Victoria Greene, CEO da G Squared Private Wealth. “Será muito difícil para as ações entrarem em rali quando o Fed continua a colocar pressão sobre os juros. Não há maneira de conseguir frear a inflação sem fazer o mesmo na economia”, afirmou.

- Com Bloomberg.com

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