Bloomberg Línea — Ser um autônomo digital foi a solução encontrada por muitas pessoas para poder lidar com a pandemia em meio à onda de demissões ocorrida em muitos setores da economia desde o início de 2020. Estima-se que existam atualmente no Brasil cerca de 25 milhões de prestadores de serviços nessa condição, atendendo não apenas clientes no Brasil, mas, em muitos casos, também no exterior.
Pesquisa realizada pela Payoneer (PAYO), fintech israelense de transações financeiras internacionais, mostra que, mesmo com o aumento do número de pessoas atuando como autônomos digital pelo mundo, o salário médio global cresceu no ano passado. Em 2021, a hora média de freelancer foi de US$ 28, pouco mais de 33% a mais do que os US$ 21 praticados no ano anterior.
“No Brasil, seja trabalhando para um único contrato ou fechando mais contratos com prazos menores, os freelancers ganham entre US$ 2 mil e US$ 3 mil por mês. São pessoas que prestam serviços em verticais relacionadas com a economia digital e ainda encontram um grande espaço para crescimento no Brasil”, afirma Mar Fernandez, Country Manager da empresa no Brasil e chefe de estratégias da Payonner para América Latina.
O levantamento, realizado pelo quarto ano consecutivo com mais de 2 mil profissionais em 100 países, mostra que o aumento do salário se deve, principalmente, devido ao crescimento da demanda. Mais de 30% dos participantes globais disseram que houve uma maior demanda por seus serviços desde o início da pandemia, enquanto 45% relataram que a demanda se manteve constante.
Neste levantamento, mulheres aparecem ganhando mais que homens na América Latina
No universo dos autônomos digitais as mulheres também ganham, em média, menos do que os homens para realizar o mesmo trabalho. Mesmo em face ao aumento da representação de mulheres com maior educação, a diferença de pagamento de gênero persiste, com as mulheres ganhando US$ 23/hora, enquanto a média dos homens chega a US$ 28/hora. Na prática, as mulheres ganham, em média, 82% do salário dos homens pelo mesmo serviço.
A única região do mundo onde essa lógica se inverte é na América Latina, segundo o levantamento. Na região, as mulheres que atuam como autônomas digitais chegam a ganhar quase 20% a mais do que os homens. Por aqui, as mulheres chegam a ganhar US$ 26 por hora, enquanto os homens ficam com US$ 22.
Outra diferença identificada no Brasil e na América Latina como um todo é no perfil do profissional. Enquanto na maior parte do mundo os autônomos digitais são jovens entre 24 e 35 anos, na América Latina, eles são superados pelos profissionais de 34 a 45 anos, que representam 33% do total. “A economia do agente autônomo empodera os indivíduos, que fazem suas próprias horas, definem seus índices e trabalham em papéis que melhor se encaixam com suas habilidades, aproveitando as vantagens de uma variedade de oportunidades”, diz Mar Fernandez.
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