Bloomberg Línea — A calmaria e o dia de ganhos no mercado acionário americano duraram pouco. O S&P 500 e a Nasdaq têm uma sessão com fortes perdas nesta quinta-feira (16), na medida em que o aumento dos juros futuros e os temores de uma recessão na maior economia do mundo dominam o sentimento entre investidores.
O principal índice das bolsas americanas recuava perto de 3,70% às 15h30 (de Brasília), enquanto o índice que reúne as ações das empresas de tecnologia tinha queda ainda maior, perto de 4,50%. Os papeis da Amazon (AMZN) caíam cerca de 5,00%, e os da Meta (FB), o Facebook, perto de 5,50%.
Diante da perspectiva de juros mais altos depois da reunião do Federal Reserve ontem (15), as probabilidades de uma recessão nos Estados Unidos no primeiro trimestre de 2024 aumentaram e se aproximam de 75% - ou seja, 3 em cada 4, segundo a Bloomberg Economics.
Para o JPMorgan Chase, maior banco americano, a probabilidade é ainda mais elevada: de 85%, segundo estrategistas quantitativos e de derivativos a partir da análise do S&P 500. Eles avaliaram o desempenho médio do benchmark do mercado de ações americano nas últimas 11 recessões.
A concretização desse cenário colocaria em situação ainda mais delicada o atual presidente americano, Joe Biden, no ano em que ele buscará a reeleição para um segundo mandato.
“Ontem [quarta] todo mundo disse ‘o Fed está sendo mais agressivo e eles estão dizendo que vão ser mais agressivos para tentar alcançar a curva de inflação [para ancorar as expectativas]’. Mas agora estamos olhando e dizendo ‘Sim, mas eles não estão perseguindo algo que podem não alcançar?’”, disse Chris Gaffney, presidente do TIAA Bank para mercados globais em entrevista à Bloomberg News.
Os rendimentos - yields - dos títulos de 10 anos do Tesouro americano, que servem como referência para o juro futuro, subiam 21 pontos base, para 3,49%. Isso significa atratividade ainda menor para o investimento em ações neste momento da economia.
Com o aumento promovido ontem (15) pelo Federal Reserve, o banco central americano, as taxas de juros avançaram para o intervalo entre 1,5% e 1,75%. Segundo a mediana das previsões dos integrantes do FOMC, o comitê que toma as decisões sobre a taxa, os juros devem encerrar o ano em 3,4%.
Outros indicadores divulgados nesta quinta-feira (16) reforçam as perspectivas sombrias para a economia americana: as taxas de hipoteca tiveram a maior alta desde 1987, o que colocará mais pressão sobre o mercado imobiliário.
Há também notícias corporativas que afetam o humor dos investidores: a Revlon, tradicional empresa de cosméticos e artigos de beleza, entrou com pedido de concordata no Chapter 11 da legislação americana.
- Atualizada às 15h33.
- Com a Bloomberg News.
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