Bloomberg — A Raízen (RAIZ4), parceria de biocombustíveis entre a Shell e a Cosan, faz uma nova aposta em seu plano ambicioso de aumentar a produção de etanol feito a partir de resíduos de cana-de-açúcar, em um cenário de maior demanda por suprimentos de energia limpa.
A empresa sediada em São Paulo vai investir R$ 2 bilhões para construir duas usinas de etanol de segunda geração (E2G) com operações a partir de 2024, disse o presidente-executivo da Raízen, Ricardo Mussa, em entrevista. As novas plantas, ambas no estado de São Paulo, adicionarão cerca de 164 milhões de litros de biocombustível por ano à capacidade da empresa.
A Raízen já tem duas plantas de segunda geração no Brasil, que entrarão em operação nesta safra. As quatro unidades fazem parte de um plano mais amplo de entregar 20 usinas de etanol de segunda geração até 2031, que tem sido questionado por investidores que esperavam que o plano de investimento fosse executado mais rapidamente. As ações da Raízen caíram cerca de 30% desde o IPO da empresa em agosto de 2021.
A maioria dos gargalos para construir instalações com a nova tecnologia, desenvolvida pela Raízen, estão resolvidos e a empresa está pronta para acelerar a implementação, disse Mussa. “Não temos dúvidas de que entregaremos o plano do IPO”, disse ele. “Nossas ações definitivamente não estão refletindo o que temos para entregar”, disse ele.
A demanda por etanol de segunda geração está aquecida, e a empresa já vendeu 80% da produção prevista nas novas usinas em contratos de longo prazo de até 10 anos, disse Mussa. O biocombustível que tem o apelo de não competir com os alimentos, pois é feito de resíduos, é muito procurado por clientes na Europa com metas de descarbonização, segundo ele.
A Shell, acionista da Raízen, assinou no final de 2021 um acordo com a equipe Ferrari de Fórmula 1 para fornecer etanol de segunda geração para a temporada de 2022, após um esforço da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) para neutralizar as emissões de carbono em seus eventos.
As novas regras da FIA estabelecem que 10% do combustível usado em suas competições deve ser biocombustível, acrescentando que essa porcentagem deve ser aumentada gradualmente até 2030, quando os carros devem ser movidos totalmente por biocombustíveis.
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