Por que Polônia não está em pânico após Rússia cortar gás

Atualmente, o país queima cerca de 20 bilhões de metros cúbicos de gás natural por ano, incluindo 8,5 bilhões que recebe através do gasoduto Yamal da Rússia

Polônia tem como cobrir o déficit iminente com um gasoduto que trará gás da Noruega pelo Mar Báltico
Por Wojciech Moskwa e Maciej Martewicz
27 de abril, 2022 | 03:46 PM

Bloomberg — A Polônia depende da Rússia para cerca de metade de suas necessidades de gás natural, mas quando a Gazprom interrompeu os fluxos para o país e para a Bulgária, o primeiro-ministro Mateusz Morawiecki disse em tom desafiante que isso não teria impacto.

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“Não apenas não nos curvaremos a essa chantagem, como gostaria de garantir aos meus compatriotas que essa ação por parte de Vladimir Putin não afetará as famílias, não afetará a Polônia”, disse Morawiecki a parlamentares nesta quarta-feira (27).

A confiança de Morawiecki provavelmente está enraizada em mais de uma década de esforços poloneses para diversificar as fontes de energia e cortar a dependência da Rússia, um processo acelerado pelo fim iminente de um contrato de fornecimento de longo prazo com a Gazprom.

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Mas se sua previsão se concretizará dependerá da conclusão a tempo de projetos de infraestrutura e se os vizinhos da Polônia terão o suficiente para cobrir a lacuna.

Atualmente, a Polônia queima cerca de 20 bilhões de metros cúbicos de gás natural por ano, incluindo entre 8,5 bilhões e 10 bilhões que recebe através do gasoduto Yamal da Rússia, que foi desativado nesta quarta-feira (27).

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O restante é coberto por um terminal de GNL, com capacidade de importação de 6,5 bilhões de metros cúbicos, e uma produção nacional de cerca de 3,8 bilhões. As instalações de armazenamento de gás da Polônia, agora 76% cheias, atualmente possuem outros 2,4 bilhões.

A Polônia tem como cobrir o déficit iminente com um gasoduto que trará gás da Noruega pelo Mar Báltico. Mas o projeto só deve atingir a capacidade anual total de 10 bilhões de metros cúbicos em 2023.

Há também conexões menores com aliados da Europa Central, incluindo Lituânia, Eslováquia e República Tcheca. E Varsóvia pode reverter o fluxo do Yamal para receber gás da Alemanha.

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Mas isso pode não ser suficiente. Enquanto a Noruega produz o gás que pretende bombear para a Polônia, outros possíveis fornecedores dependem de importações que se tornaram cada vez mais caras e incertas à medida que o impasse sobre a invasão da Ucrânia por Putin aumenta.

Em um cenário de um mercado de gás europeu apertado e uma incapacidade de fornecer GNL dos EUA para a Alemanha ou para o duto do Báltico, a Polônia pode ficar com 3 bilhões de metros cúbicos a menos, de acordo com o analista do MBank Kamil Kliszcz.

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A Polônia é economia mais dependente de carvão na União Europeia e está construindo usinas a gás para ajudar a reduzir suas emissões de carbono. Isso pode aumentar as necessidades anuais de gás para 30 bilhões de metros cúbicos em uma década e sobrecarregar ainda mais os suprimentos e, possivelmente, retardar o fim do uso de carvão.

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