Política de juros ecoa nos mercados, que operam em descompasso na Europa e nos EUA

Bolsas europeias aproveitam o rescaldo de ontem nos mercados dos EUA e sobem; futuros de índices norte-americanos caem com realização de lucro

As variáveis que orientarão os mercados
05 de mayo, 2022 | 08:00 AM

Barcelona, Espanha — A decisão do Federal Reserve (Fed) sobre os juros norte-americanos ainda ecoa nos mercados. As bolsas europeias, que já estavam fechadas quando o Fed proferiu sua decisão, subiam esta manhã. O Stoxx 600 supera o 1% de alta. Nos Estados Unidos, os investidores de futuros de índices embolsavam parte dos (fortes) ganhos de ontem, quando os índices Dow Jones e S&P fecharam com as maiores altas desde 2020. Todos os principais contratos recuam.

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A preocupação em torno da capacidade de os bancos centrais controlarem a inflação continua pesando. Agora há pouco, o Banco da Inglaterra (BoE) subiu, pela quarta vez seguida, sua taxa de juro, agora no maior nível em 13 anos. Mas uma onda global de aperto monetário também é vista como uma ameaça ao crescimento econômico. Na Europa, as encomendas das fábricas alemãs caíram a pique, evidenciando o impacto da guerra no continente. O membro do Comitê Executivo do Banco Central Europeu, Fabio Panetta, disse que a expansão econômica quase parou na Zona do Euro.

Estes são os principais vetores de hoje nos mercados:

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Juros, o grande tema

🇬🇧 O Banco da Inglaterra (BoE) elevou as taxas de juros para seu nível mais alto em 13 anos e advertiu que a economia do país ruma para a contração, devido ao impacto da inflação de dois dígitos. O aumento da taxa de 0,75% para 1% foi apoiado por seis dos nove membros do comitê de política monetária.

Três votaram a favor de um aumento de 0,50 pontos. Estes integrantes, Michael Saunders, Catherine Mann e Jonathan Haskel, estavam particularmente preocupados com o crescimento dos salários.

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O movimento, feito na véspera do 25º aniversário da independência do Banco da Inglaterra, marca a quarta alta consecutiva dos juros e leva a taxa ao seu nível mais alto desde o início de 2009.

🇺🇸 Ontem, o Federal Reserve (Fed) seguiu o script esperado pelo mercado, de uma alta dos juros de 0,5 ponto percentual, para uma faixa de 0,75% a 1%, e acalmou os nervos de quem esperava subidas mais pronunciadas das taxas, da ordem de 0,75 ponto. Jerome Powell, presidente do banco central norte-americano, indicou que novos incrementos de 0,50 ponto estariam sobre a mesa para as próximas reuniões. E tranquilizou o mercado sobre a tão temida recessão, possibilidade aventada pelo mercado diante do ciclo de aperto monetário.

Ou seja, os investidores ouviram de Powell exatamente o que queriam ouvir, inclusive sobre a redução do balanço patrimonial do Fed, que se dará a um ritmo inferior ao sinalizado anteriormente - pelo menos até setembro. Desta forma, o Fed estica um pouco mais a provisão de mais liquidez ao mercado.

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🇧🇷 No Brasil, o Banco Central decidiu elevar a taxa Selic em um ponto percentual, para 12,75% ao ano - o maior patamar desde janeiro de 2017. O aumento de ontem, o décimo seguido, vem em linha com o esperado pelo mercado financeiro.

Balanços e Reunião da OPEP

Além da safra de balanços empresariais, os investidores estarão atentos à reunião da OPEP. Os preços do petróleo têm experimentado um intenso vaivém desde o começo da guerra entre Rússia e Ucrânia, sobretudo após a onda de sanções ao petróleo russo.

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Um panorama dos mercados

🟢 As bolsas ontem: Dow Jones (+2,81%), S&P 500 (+2,99%), Nasdaq Composite (+3,19%), Stoxx 600 (-1,08%), Ibovespa (+1,70%)

As ações nos EUA fecharam com ganhos depois que o presidente do Fed, Jerome Powell, dissipou dúvidas sobre se o banco central tomaria uma posição ainda mais agressiva em futuras subidas dos juros. Embora o aumento de 0,50 ponto percentual seja o maior em duas décadas, a decisão já era amplamente esperada pelo mercado. As valorizações do Dow Jones e do S&P 500 foram as maiores desde 2020.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• Feriados: Japão

• EUA: Reunião da OPEP; Demissões Anunciadas Challenger/Abr; Pedidos Iniciais por Seguro-Desemprego; Custo Unitário da Mão de Obra/1T22; Produtividade do Setor Não Agrícola/1T22; Estoque de Gás Natural

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• Europa: Alemanha (Encomendas à Indústria/Mar; PMI de Construção - IHS Markit/Abr); Reino Unido (PMI Composto/Abr; Relatório de Inflação do BoE); França (Produção Industrial/Mar)

• América Latina: Brasil (Índice de Evolução de Emprego CAGED/Abr; Balança Comercial/Abr; Argentina (Produção Industrial/Mar)

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• Ásia: Hong Kong (Vendas no Varejo/Mar; Japão (IPC - Tóquio/Abr)

• Bancos centrais: Decisão sobre juros do Bank of England (BoE) e pronunciamento do presidente Andrew Bailey. Discurso de Philip Lane (BCE)

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• Balanços: Petrobras, Shell, ConocoPhillips, AB InBev, Shopify, EOG, ICE, Block, BMW, Credit Agricole, Vonovia, Apollo, DoorDash, ArcelorMittal, Zillow, Deutsche Lufthansa

📌 E para amanhã:

• EUA: Relatório de Emprego (Payroll) não-agrícola (Abr); Taxa de Desemprego/Abr; Ganho Médio por Hora Trabalhada/Abr; Taxa de Participação da Força de Trabalho/Abr; Crédito ao Consumidor/Mar

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• Europa: Alemanha (Produção Industrial/Mar); França (Folha de Pagamento do Setor Privado/1T22); Reino Unido (Índice de Preços de Imóveis Halifax/Abr; PMI de Construção/Abr); Espanha (Produção Industrial/Mar); Itália (Vendas no Varejo/Mar)

• América Latina: Brasil (IGP-DI/Abr; Produção e Vendas de Veículos/Abr); México (Investimento Fixo Bruto/Fev)

• Ásia: Japão (Base monetária); Hong Kong (Reservas Internacionais/Abr)

• Bancos centrais: Pronunciamentos de John Williams e Raphael Bostic (Fed); Catherine Mann, Huw Pill e Silvana Tenreyo (BoE); François Villeroy (BCE); Joachim Nagel (presidente do Bundesbank)

• Balanços: Intesa Sanpaolo, adidas, ING, Cigna, Alibaba, Sabesp, Porto Seguro, Enel Generación Chile

--Com informações da Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.

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