Petrobras pode ter ‘vácuo no comando’ com desistência de indicados

Governo confirmou na noite desta segunda que Adriano Pires recusou o convite para ser CEO da estatal

Estatal pode ter ‘vácuo no comando’ com desistência de indicados
Por Martha Beck, Simone Iglesias e Mariana Durao
04 de abril, 2022 | 07:05 PM

Bloomberg — A desistência dos indicados pelo governo brasileiro em assumir a chefia da Petrobras (PETR4) arrisca criar um vácuo no comando da maior produtora de petróleo da América Latina, que se tornou o centro de uma disputa política sobre os preços dos combustíveis.

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Adriano Pires recusou o convite na segunda-feira, disse o ministro da Energia em comunicado, acrescentando que a decisão foi tomada por motivos pessoais.

O veterano do setor foi nomeado pelo governo brasileiro, acionista majoritário da empresa, para substituir Joaquim Silva e Luna, que vinha discutindo com o presidente Jair Bolsonaro sobre os preços dos combustíveis. No domingo, a escolha de Bolsonaro para presidir o conselho da estatal Rodolfo Landim também retirou seu nome.

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A reviravolta ocorre poucos dias antes da assembleia de acionistas da empresa para eleger o novo conselho, marcada para 13 de abril. O estatuto da Petrobras estabelece que o CEO deve ser membro do conselho. As ações fecharam em baixa de 0,9% na segunda-feira, a R$ 32,70 (US$ 7,12) em São Paulo.

“Parece que estão ficando sem nomes mais técnicos, e um candidato interno pode ser uma opção”, disse Marcelo de Assis, analista da consultora Wood Mackenzie.

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A decisão de Pires ocorreu em meio a especulações sobre potenciais conflitos de interesse relacionados a anos de trabalho como consultor de empresas privadas de petróleo e gás, algumas delas com negócios que concorrem com a estatal. Landim, por sua vez, está sendo investigado pelo Ministério Público por suposta gestão fraudulenta de um fundo de investimento que causou prejuízos ao fundo de pensão Petros, da Petrobras.

O maior produtor de petróleo da América Latina terá seu terceiro CEO desde o início de 2021. Silva e Luna foi demitido após crescente pressão política para conter os preços dos combustíveis, pelo mesmo motivo que seu antecessor Roberto Castello Branco foi demitido há um ano.

A turbulência na liderança ressalta como é difícil para os países em desenvolvimento - onde as despesas de transporte ocupam uma fatia maior do orçamento familiar - repassar os custos aos consumidores quando os preços aumentam. Quem assumir o comando da Petrobras será posto à prova em um ano eleitoral em que políticos de todos os matizes procuram um culpado pela alta dos preços na bomba.

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A remuneração máxima para um diretor executivo no conselho da Petrobras foi de cerca de US$ 562.253 em 2021, de acordo com o último relatório anual.

--Com a ajuda de Peter Millard.

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(atualizado às 20h04 com a confirmação pelo governo da desistência)

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