Na Indonésia, produtores de óleo de palma protestam por proibição da exportação

Para controlar o preço do óleo de cozinha dentro do país, governo proibiu as exportações, derrubando o preço da palma fresca

Preço do fruto despencou com proibição da exportação em meio a temores de que o país não conseguirá armazenar a commodity para manter a oferta reprimida
Por Eko Listiyorini
17 de mayo, 2022 | 09:14 AM

Bloomberg — Centenas de pequenos agricultores na Indonésia, maior exportador de óleo de palma do mundo, protestaram contra a proibição das exportações da commodity, pressionando o presidente Joko Widodo a abandonar a política.

PUBLICIDAD

Os agricultores disseram que sua renda foi afetada porque os preços da fruta fresca caíram devido à preocupação de que o país não terá capacidade de armazenamento suficiente para manter a oferta reprimida. Pelo menos 120 agricultores participaram da manifestação, e cerca de 250 de todo o arquipélago devem comparecer, disse Gulat Manurung, presidente da Associação de Agricultores de Óleo de Palma da Indonésia.

A proibição da exportação, projetada para diminuir o preço doméstico do óleo de cozinha, causou “dificuldades econômicas” para cerca de 16 milhões de agricultores, já que os baixos preços das frutas não cobrem mais os custos, disse Manurung. O óleo de cozinha ficou acima da orientação oficial de 14 mil rúpias (96 centavos) por litro, apesar da proibição.

PUBLICIDAD

O aumento dos custos dos alimentos fez com que o índice de aprovação de Jokowi, como é chamado o presidente, caísse para 58,1%, o menor em mais de seis anos, de acordo com a última pesquisa do Indikator em maio. O apoio a Jokowi estava bem acima dos 60%, exceto por uma queda em julho de 2021, quando a pandemia de covid-19 sobrecarregou os hospitais e levou a milhares de mortes todos os dias.

Preço da fruta

Manurung quer que o governo descarte a política. “Esperamos que a proibição de exportação seja suspensa e substituída por outra política que possa controlar melhor os preços do óleo de cozinha”, disse ele à Bloomberg News durante o protesto na terça-feira (17) em Jacarta.

PUBLICIDAD

O preço da fruta fresca caiu de 4 mil rúpias para cerca de 1.200 rúpias por quilo, já que algumas usinas pararam de comprar as frutas de pequenos agricultores, ao passo que outras compram a um preço muito mais baixo, disse ele.

“O que é importante para nós é a disponibilidade e a acessibilidade. Quando os preços estiverem estáveis, podemos falar sobre o relaxamento das exportações”, disse o ministro do Comércio, Muhammad Lutfi, a repórteres na terça-feira, quando questionado sobre os planos de revisar a suspensão.

O preço médio local do óleo de cozinha a granel na Indonésia ficou em torno de 17.300 rúpias por litro em 13 de maio. O Ministério do Comércio lançou na terça-feira um programa chamado “Óleo de Cozinha para o Povo” para vender óleo de cozinha a granel a 14 mil rúpias por litro para pessoas de baixa renda.

PUBLICIDAD

Nosso objetivo é ter 10 mil pontos de venda em todo o país; atualmente temos 1.200 em Sumatra e Java”, disse Lutfi em comunicado. Os futuros de óleo de palma de referência em Kuala Lumpur caíram até 2,3% na terça-feira, devido às expectativas de que a proibição será relaxada, mas reduziram as perdas até o fechamento.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

PUBLICIDAD

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

PUBLICIDAD

Exportação de trigo suspensa na Índia aumenta preços e ameaça segurança alimentar

McDonald’s decide deixar Rússia, com perda potencial de US$ 1,4 bi

PUBLICIDAD