Metade dos millennials dos EUA que ganham R$ 1,2 mi por ano vive sem poupar

Situação de aperto não é exclusividade americana: no Brasil, 57% dos millennials dizem viver sem reserva financeira

Consumidores
Por Alex Tanzi
06 de junio, 2022 | 07:03 PM

Bloomberg — Mais de um terço dos americanos que ganham pelo menos R$ 1,2 milhão por ano, o equivalente a US$ 250 mil, dizem que estão vivendo de salário em salário, sem conseguir poupar, o que ressalta o poder de corrosão da inflação no orçamento dos trabalhadores.

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Cerca de 36% das famílias que recebem quase quatro vezes o salário médio dos Estados Unidos dedica quase toda a sua renda às despesas domésticas, de acordo com uma pesquisa da publicação da Payments News & Mobile Payments Trends (Pymnts) e da LendingClub Corporation.

Isso é particularmente evidente entre os millennials, grupo de pessoas que ocupam a faixa etária aproximada dos 25 aos 40 anos: mais da metade das pessoas mais bem remuneradas desta geração relata ter pouco dinheiro sobrando no fim de cada mês. Nos EUA, a faixa de renda dos que ganham mais de US$ 250 mil (cerca de R$ 1,2 milhão) por ano representa aproximadamente os 5% mais ricos do país, de acordo com dados do US Census Bureau.

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No caso dos millennials que ganham de US$ 200 mil até US$ 250 mil (R$ 1,2 milhão) por ano, metade diz que vive de salário em salário.

A situação de aperto financeiro não é exclusividade dos americanos. No Brasil, 57% dos millennials afirmam viver do salário do mês, sem reservas e com medo de que o salário não seja suficiente para cobrir todas as despesas e os gastos extras, acima da média global de 47%, de acordo com a pesquisa Millennial & Gen Z Survey 2022, publicada pela consultoria Deloitte.

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O desemprego aparece como a maior preocupação entre os millenials no Brasil, com 31%, seguido da criminalidade e da segurança pessoal, ambos com 27%, e do custo de vida, com 25%. Diante dessa situação, ao menos 38% passaram a assumir trabalhos paralelos, seja como vendedores de produtos ou serviços por meio de plataformas digitais (26%) ou como influenciadores digitais (18%).

Ainda assim, a mesma pesquisa indica que 55% das pessoas da geração dos 20 aos 40 anos no Brasil se sente mais segura financeiramente do que a média global, que é de 46%. Para a amostra brasileira, a pesquisa entrevistou 801 jovens, sendo 500 da geração Z e 301 millennials.

De salário em salário

Nos Estados Unidos, viver de salário em salário não significa necessariamente passar por dificuldades. A LendingClub, empresa de empréstimo pessoal, faz a distinção entre grupos daqueles que podem pagar suas contas facilmente e aqueles que não podem. Apenas uma fração dos que ganham mais – cerca de um em cada dez – relatou problemas para cobrir todas as despesas domésticas em abril, de acordo com a pesquisa.

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As despesas com moradia, que normalmente ocupam grande parte dos orçamentos das pessoas mais ricas, dispararam durante a pandemia. Por exemplo, em Orange County, na Califórnia, uma casa de alto padrão custava US$ 1,7 milhão em abril, acima dos US$ 1,2 milhão em fevereiro de 2020, com base nos dados do marketplace do mercado imobiliário americano Zillow Group.

Uma hipoteca dessa casa, assumindo um adiantamento de 20%, custaria cerca de US$ 100 mil por ano. O valor equivale a 40% de uma renda anual sem impostos de US$ 250 mil.

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Os mais bem remunerados, mesmo aqueles que se apertam para pagar as contas em dia, estão obviamente em uma situação muito melhor do que o resto do país, que enfrenta preços cada vez mais altos, de alimentos a combustíveis e eletricidade.

Entre todos os entrevistados, 61,3% relataram que viviam de salário em salário em abril, aumento de 9 pontos percentuais em relação ao ano imediatamente anterior, de acordo com o relatório da LendingClub.

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Para financiar seus estilos de vida, as famílias de renda alta são mais propensas a alocar suas despesas em cartões de crédito - mas também mais propensas a pagar a conta de forma integral. Os empréstimos ao consumidor dos Estados Unidos dispararam em março no maior recorde já registrado, com os saldos dos cartões de crédito disparando e o aumento do crédito não rotativo, o que destaca o impacto combinado das despesas fixas e dos preços crescentes.

Uma outra pesquisa divulgada pelo Federal Reserve na semana passada, por outro lado, relatou uma melhora geral no bem-estar financeiro das famílias desde a pandemia, reforçada por estímulos econômicos e a alta de preços em ativos como casas e ações.

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Cerca de 78% dos americanos disseram estar bem financeiramente ou vivendo confortavelmente – a maior parcela desde que o Federal Reserve começou a realizar a pesquisa em 2013.

Ainda assim, um em cada nove entrevistados disse que não seria capaz de cobrir uma despesa de emergência de US$ 400, seja por cartões de crédito, empréstimos de familiares ou amigos ou pela venda de ativos.

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A pesquisa LendingClub foi realizada entre 6 e 13 de abril, com base em cerca de 4 mil consumidores americanos.

--Com reportagem de Melina Flynn.

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