Mercados ensaiam alta nos EUA, mas cautela impera antes do Fed e com bear market

Caçadores de barganhas ajudam a levantar contratos futuros; bitcoin segue no vermelho e, na Europa, bolsas apagam ganhos da abertura

As variáveis que orientarão os mercados
14 de junio, 2022 | 07:40 AM

Barcelona, Espanha — (Esta é a versão atualizada da nota publicada originalmente às 6h50)

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Após quatro sessões de quedas expressivas e uma jornada tomada pelo pânico ontem, os caçadores de pechinchas ajudam os mercados de renda variável a se recuperarem nos Estados Unidos (na Europa, a ‘alegria’ durou pouco). Com a semana carregada de eventos cruciais, será difícil se afastar do território de baixa: o urso ainda ronda os mercados norte-americanos.

As bolsas europeias retrocediam instantes atrás - o Stoxx 600 chegou a cair mais de 1,2%. Os contratos futuros dos principais índices norte-americanos avançavam moderadamente. E o bitcoin continuava sucumbindo à pressão vendedora.

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Vale dizer que a China recuou na flexibilização de bloqueios contra a Covid-19, o que adicionará mais incertezas ao mercado.

📉 A mão pesada do urso. As bolsas americanas entraram ontem no bear market, que simboliza o mercado em baixa nos Estados Unidos. Com a queda de ontem, que varreu US$ 1,3 trilhão em capitalização de mercado dos EUA, o S&P 500 acumula uma desvalorização de 21,83% em relação ao pico mais recente, de 4.796,56 pontos, atingido em 3 de janeiro deste ano. Já o Nasdaq 100, índice com cem das ações de tecnologia mais negociadas, acumula um declínio de 34,50% desde a máxima de janeiro. Estas baixas superiores a 20% simbolizam uma virada do mercado, afastando por ora - ou reduzindo de forma mais ampla - as chances de recuperação nos preços das ações no curto prazo.

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🔥 Fogo até no porto-seguro. Os rendimentos dos Treasuries, os títulos do Tesouro americano, subiram para os patamares mais elevados em uma década, como reflexo da expectativa de juros mais elevados nos Estados Unidos. Em Wall Street, há quem já espere, para amanhã, um aumento de 0,75 ponto percentual do juro pelo Fed, em lugar da dose de 0,5 ponto.

Hoje, depois da pressão vendedora de quatro dias, os bônus dos EUA de 10 anos recuperam uma pequena parte de seu valor, embutindo prêmios menores. Na Europa, porém, os títulos soberanos continuam a ver seus prêmios aumentar.

🥶 O (alto) preço de esfriar os preços. A persistência da inflação, que segue galgando novos recordes, acende entre os investidores o alerta de que o Fed pode ser ainda mais duro em sua política monetária. Com esta campanha de alta dos juros, o que os bancos centrais querem é esfriar o consumo para controlar a inflação. Porém, vários dados macroeconômicos - e balanços empresariais - já mostram debilidade e essa combinação de indicadores fracos e juros maiores levam o mercado a temer uma iminente recessão.

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💸 Mais que uma inflação de oferta. É importante observar que os bancos centrais poderão fazer muito pouco para controlar a inflação de demanda deflagrada pela guerra na Ucrânia, que tem afetado as cadeias de abastecimento de diversas matérias-primas e elevado seus custos.

🪵 Lenha na fogueira. Como se não bastasse o cenário de decisão de juros pelo Fed + bear market + agenda macroeconômica, esta sexta-feira tem “quadruple witching”, ou seja, vencimento de opções e futuros sobre índices e ações no mercado norte-americano, o que costuma trazer muita volatilidade às operações.

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→ Leia o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: Queda das criptos não é como as outras

Tentativa de recuperação nos EUA
🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrial (-2,79%), S&P 500 (-3,88%), Nasdaq Composite (-4,68%), Stoxx 600 (-2,41%), Ibovespa (-2,73%)

A aversão ao risco dominou os mercados e ampliou as perdas iniciadas na semana passada, quando os investidores se surpreenderam com as notícias de que a inflação americana atingiu seu nível mais alto desde 1981. Isso reacendeu os temores de que o Fed adote uma postura ainda mais agressiva em sua política monetária, colocando em risco o crescimento econômico. O S&P 500 entrou em território de baixa (bear market) após acumular um declínio de 22% em relação ao seu pico de janeiro. Os prêmios dos títulos do Tesouro de 10 anos subiram para o nível mais alto desde 2011.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• EUA: Índice de Preços ao Produtor (PPI, às 9h30 de Brasília), Índice NFIB de Otimismo entre Pequenas Empresas/Mai, Índice de Vendas Varejistas - Redbook; Reservas Semanais de Petróleo Bruto API, Relatório Mensal da OPEP

• Europa: Zona do Euro (Produção Industrial/Abr; ZEW Indicador de Percepção Econômica/Jun); Alemanha (IPC/Maio, ZEW Indicador de Percepção Econômica/Jun); Reino Unido (Taxa de Desemprego/Maio)

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• Ásia: Japão (Produção Industrial/Abr, Taxa de Utilização da Capacidade Instalada/Abr); China (Produção Industrial/Mai, Vendas no Varejo/Mai, Investimento Direto Estrangeiro/Maio)

• América Latina: Brasil (Crescimento do Setor de Serviços/Abr); Argentina (IPC/Maio)

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• Bancos centrais: Pronunciamento de Elizabeth McCaul (BCE)

📌 Para a semana:

Quarta-feira: Decisão sobre juros pelo Fed e entrevista do presidente Jerome Powell. Ainda nos EUA: Estoques comerciais, Índice Empire de Atividade Industrial, Vendas no Varejo. China: operações de liquidez, dados sobre empréstimos de médio prazo. Discurso da presidente do BCE, Christine Lagarde. Decisão de política monetária do Banco Central do Brasil.

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Quinta-feira: Decisão sobre juros do Banco da Inglaterra. Nos EUA: Venda de Casas Novas, Pedidos Iniciais de Seguro-Desemprego

Sexta-feira: Decisão sobre juros do Banco do Japão. IPC da Zona do Euro. EUA: Índice do Conference Board, Produção Industrial

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.

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