Mercados se reerguem com investida dos caçadores de barganhas

Apesar da recuperação, cautela quando ao rumo da inflação e seu reflexo na política de bancos centrais continua nos mercados

As variáveis que orientarão os mercados
10 de mayo, 2022 | 07:20 AM

Barcelona, Espanha — A derrocada dos mercados nas últimas sessões abre caminho aos caçadores de barganhas. Depois de sucessivas quedas, sobem as bolsas europeias e os futuros de índices nos Estados Unidos. A duração deste movimento vai depender da disposição dos investidores a assumir riscos, pois o pano de fundo permanece o mesmo.

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Os contratos indexados ao índice Nasdaq 100 subiam em torno dos 1,4% depois de seu indicador de referência ter caído para o menor nível em dois anos. Os contratos futuros do S&P 500 rondavam o 1% de alta. O dólar apagava perdas recentes e os títulos do Tesouro ganhavam valor, sinalizando a volta da demanda por refúgio em meio ao nervosismo sobre o caminho da política do Federal Reserve (Fed). Na Europa, os títulos soberanos também se recuperavam.

O petróleo caía mais de 1,50%, para a casa dos US$ 101 por barril. As perspectivas para o petróleo bruto continuam nebulosas depois que a União Europeia suavizou algumas das sanções propostas à Rússia. No mundo das criptomoedas, o Bitcoin era negociado perto de US$ 31.300, após ter escorregado anteriormente abaixo de US$ 30.000.

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Há várias frentes em aberto que podem minar este sentimento. Mesmo que os investidores aproveitem a ocasião para as compras de oportunidade, é de se esperar que prevaleça a cautela.

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🗣️ Com a palavra, os bancos centrais. Os investidores têm acompanhado com atenção os pronunciamentos de membros dos bancos centrais, a fim de coletar pistas sobre os próximos passos em matéria de política monetária. Entre hoje e amanhã, o prato está cheio: há discursos de líderes europeus e de membros do Federal Reserve (Fed). O mercado busca respostas para um grande dilema: qual o ponto ótimo do aperto monetário, de modo que detenha a escalada inflacionária sem prejudicar a economia?

🐹 Na roda do hamster. Os operadores estão presos entre uma inflação persistentemente alta, que corrói o valor dos ativos, e um aperto monetário (com juros mais altos e menos provisão de liquidez pelos bancos centrais) que ameaça o crescimento econômico. Fala-se, inclusive, da possibilidade de recessão. Para turbinar a aversão ao risco, está a política de Covid zero da China, cujas rigorosas medidas desferirão um duro golpe às cadeias de abastecimento.

👀 O rumo da inflação: ver para crer. A expectativa de que a inflação esteja perto de seu pico é razoável? Diante da dúvida, muitos preferem esperar para ver. Amanhã sai o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) dos EUA e alguns economistas calculam que os preços apontem para uma alta de 8% em abril, na base anual, taxa que seria inferior à de 8,5% em março. Também está programado para amanhã o IPC da maior economia da Europa, a Alemanha.

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✳️ Uma notícia positiva da Alemanha: o índice ZEW de Expectativas melhora mais do que o esperado em maio. Eleva-se a -34,3 pontos, contra projeções de -43,5 e -41,0 na leitura anterior. As condições atuais, entretanto, pioram: -36,4 vs. -35,0 esperados e -30,8 na última pesquisa.

Um panorama dos mercados em manhã de recuperação

🟢 As bolsas ontem: Dow Jones (-1,99%), S&P 500 (-3,20%), Nasdaq Composite (-4,29%), Stoxx 600 (-2,90%), Ibovespa (-1,79%)

A venda massiva de ações que começou na semana passada, após a reunião do Fed, continuou na sessão de ontem. Permanecem as dúvidas se o banco central será capaz de controlar a inflação mais alta em décadas sem gerar uma recessão nos EUA. O S&P 500 perdeu o nível de 4.000 pontos e caiu para o ponto mais baixo em mais de um ano. O mercado de criptomoedas também sofreu com o mergulho e o bitcoin caiu abaixo de US$ 31.000 pela primeira vez desde julho de 2021. Com a tendência, perdeu mais de 50% em relação ao recorde alcançado em novembro passado.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• EUA: Otimismo entre Pequenas Empresas NFIB/Abr; Índice Redbook; Índice IBD/TIPP de Otimismo Econômico; Perspectiva Energética de Curto Prazo - EIA

• Europa: Zona do Euro (Expectativas Econômicas ZEW/Mai); Alemanha (Expectativas Econômicas ZEW/Mai); Itália (Produção Industrial/Mar); Portugal (Balança Comercial/Mar)

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• Ásia: Japão (Reservas Internacionais/Abr); China (IPC e IPP/Abr)

• América Latina: Brasil (Ata do Copom/BC; Vendas no Varejo/Mar); Empréstimos Bancários

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• Bancos centrais: Discursos de John Williams, Raphael Bostic e Loretta Mester (FOMC/Fed); Joachim Nagel (presidente do Bundesbank); Luis de Guindos (BCE)

• Balanços: Sony, Nintendo, Suncor, Bayer, Occidental Petroleum, Roblox, Peloton, Warner, Telefônica Brasil

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📌 E para amanhã:

• EUA: IPC/Abr; Juros e Pedidos de Hipotecas de 30 anos - MBA; Índice de Compras MBA; Rendimento Real/Abr; Estoques de Petróleo Bruto; Atividade das Refinarias de Petróleo - EIA; Estoques de Petróleo Bruto Semanal API; Balanço Orçamentário Federal/Abr

• Europa: Alemanha (IPC/Abr); Portugal (IPC/Abr; Taxa de Desemprego/1T22)

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• Ásia: Japão (Índice de Indicadores Antecedentes/Mar)

• América Latina: Brasil (IPCA/Abr; Fluxo Cambial Estrangeiro)

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• Bancos centrais: Discursos de Christine Lagarde (presidente do BCE); Frank Elderson (BCE); Joachim Nagel (presidente do Bundesbank); Claudia Buch (vice-presidente do Bundesbank)

• Balanços: Toyota, Disney, Rivian, BancColombia, Ypf sociedad, Toyota Motor, Banco do Brasil, JBS, Braskem

--Com informações da Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.

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