Mercados recuam com novos sinais de aperto monetário por bancos centrais

Mostras de que aumento de juros veio para ficar atingem negócios com ações e bônus, ofuscando boas notícias do lado corporativo

As variáveis que orientarão os mercados
22 de abril, 2022 | 07:19 AM

Barcelona, Espanha — Jerome Powell dá as cartas: a prioridade do Federal Reserve (Fed) é domar a inflação e o impacto da guerra na Ucrânia sobre o crescimento econômico não deve desviar o banco central deste caminho. A assertiva, compartilhada por membros do Banco Central Europeu (BCE), conduziu a uma desvalorização dos títulos soberanos e da renda variável na Europa e nos Estados Unidos.

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Esta manhã, operavam no vermelho tantos as bolsas da Europa, onde os investidores se preparam para o segundo turno de votação nas eleições presidenciais francesas neste domingo, quanto os futuros de índices norte-americanos. Os contratos indexados ao Nasdaq 100 e ao S&P 500 sinalizavam que as ações em Nova York podem caminhar para uma terceira semana de queda.

O nível de valorização do Índice S&P 500 pode estar em risco à medida que os rendimentos dos títulos aumentam

Diante de tais sinalizações, os investidores se desfaziam de posições em títulos. O rendimento dos títulos norte-americanos de dois anos, mais sensível às mudanças na política monetária, chegou a subir esta manhã até oito pontos base, para 2,76%, o maior prêmio desde o final de 2018. Os bônus de dez anos do Tesouro chegaram a saltar para 2,95%.

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O dólar avançava para o nível mais alto desde julho de 2020 em meio a perdas para a libra britânica, com dados mostrando que a crise do custo de vida do Reino Unido está dificultando os gastos dos consumidores - as vendas no varejo no Reino Unido subiram apenas 0,9% em março, bem abaixo dos 2,8% esperados e dos 7,0% da leitura de fevereiro.

♣️ 0,50 pp sobre a mesa

O aperto monetário já é uma realidade e o próprio presidente do Fed fala em um aumento de meio ponto percentual nos juros em maio, em lugar do 0,25 ponto que costuma ser o habitual para iniciar uma mudança de viés na política dos bancos centrais.

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Powell se manteve fiel ao discurso mais aguerrido e comentou que muitos participantes do FOMC, o comitê do Fed que arbitra sobre os juros, preferiam um ou mais movimentos de 0,50 ponto. Ele observou que seria apropriado mover-se relativamente rápido e que, nesse sentido, o argumento de antecipar uma elevação dos juros tem seu mérito, considerando o mercado de trabalho historicamente aquecido e os riscos inflacionários.

“Eu diria que 50 pontos-base estarão na mesa para a reunião de maio”, disse Powell ontem em um painel organizado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), do qual participou também a presidente do Banco Central Europeu.

🗣️ Engrossando o coro

Outros membros do Fed endossaram políticas mais energéticas no combate à inflação. Mary Daly, dirigente do Fed de São Francisco, normalmente mais moderada, falou ontem da probabilidade de aplicar aos juros duas subidas de 0,5 ponto. James Bullard, do Fed de Sant Louis e conhecido por um discurso mais agressivo, defende um aumento de 0,75 ponto percentual. Os investidores estão agora apostando em aumentos de meio ponto em maio, junho e possivelmente em julho.

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🇪🇺 Na Europa

Em sua apresentação, dirigente do BCE, Christine Lagarde, fez uma distinção entre as diferentes realidades econômicas da Europa e dos EUA, mas não descartou a possibilidade de um aumento da taxa para o bloco já na reunião de julho.

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📊 Balanços, a boa notícia

Das 91 empresas S&P 500 que relataram resultados trimestrais até agora, mais de 80% superaram as estimativas de lucro e 65% superaram as previsões de vendas, segundo análise da Bloomberg. Surpresas positivas são observadas em todos os grupos industriais, sustentando uma ampla recuperação.

Balanços corporativos ficam em segundo plano nesta manhã

🟢 As bolsas ontem: Dow Jones (-1,05%), S&P 500 (-1,48%), Nasdaq Composite (-2,07%), Stoxx 600 (+0,32%), Ibovespa (--)

Jerome Powell voltou e com ele retornaram as perdas nos mercados de ações dos EUA. O presidente do Fed fez soar o alarme ao antecipar, mais uma vez, uma política monetária mais rígida para controlar a inflação.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• Índices PMI: EUA, Zona do Euro, Alemanha, França, Reino Unido

• EUA: Reuniões do FMI; Contagem de Sondas Baker Hughes

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• Europa: Reino Unido (Confiança do Consumidor GfK; Vendas no Varejo/Mar)

• América Latina: México (IPC/1ª quinzena de abril)

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• Bancos centrais: Discursos de Christine Lagarde (presidente do BCE) e de Andrew Bailey (presidente BoE)

• Balanços: Volvo, Verizon, SAP, Newmont, American Express, Schlumberger, Kimberly-Clark

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📌 E para segunda-feira, 25:

• EUA: Reuniões do FMI (sábado e domingo); Índice de Atividade Nacional Fed Chicago (Mar)

• Europa: Zona do Euro (Produção do Setor de Construção/Fev); Alemanha (Índice Ifo de Clima de Negócios/Abr; Expectativas de Negócios/Abr); Espanha (IPP/Mar); França (No domingo: Eleições Presidenciais 2º turno)

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• Ásia: Japão (Índice de Indicadores Antecedentes; Taxa de Desemprego/Mar)

• América Latina: Brasil (Confiança do Consumidor FGV/Abr; Boletim Focus; Investimento Estrangeiro Direto/Fev; Transações Correntes/Fev; Receita Tributária Federal); México (Atividade Econômica/Fev)

• Balanços: Coca-Cola, Roche, Hyundai Motor, Sun, Vivendi SA PK, Whirlpool

--Com informações da Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.

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