Barcelona, Espanha — Os mercados de renda variável continuam na rota de perdas que ontem apagou US$ 1,5 trilhão de valor das ações norte-americanas. A crescente preocupação de que a alta dos preços exigirá subidas mais pronunciadas dos juros, o que pode estancar o crescimento econômico, fomenta a pressão vendedora.
🔻 Vermelho é a cor dos mercados. Queda generalizada tanto nas bolsas europeias como entre os futuros de índices norte-americanos. Os futuros do índice S&P 500 caíam mais de 1,2% depois de seu índice de referência ter registrado, ontem, a maior queda de um dia desde junho de 2020. A queda dos contratos Nasdaq 100 chegou a superar os 1,5% esta manhã. Na Europa, Stoxx 600 retrocedia mais de 2%, com todos os setores da indústria no vermelho - cuidados pessoais e serviços financeiros lideravam o declínio.
⚓ Porto-seguro. A aversão ao risco leva os investidores a buscar refúgio nos títulos soberanos e no ouro, que ganham valor. Os prêmios dos títulos do Tesouro com 10 anos de prazo recuavam cerca de sete pontos base. A maioria dos títulos europeus também melhorava seu valor nominal, com o rendimento dos títulos alemães a 10 anos caindo mais do que 1 ponto base, para 0,958%. O dólar, por sua vez, se enfraquecia em relação a seus pares, enquanto o iene se apreciava.
→ Leia também o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: América Latina no radar do capital
📉 Consumo em risco. Os resultados financeiros de gigantes do varejo lançaram uma cortina de fumaça nos mercados, estremecendo a confiança na capacidade de resistência da maior economia do mundo. O impacto da persistente inflação - que não dá mostras de que vá se retirar - já se faz sentir nas margens de algumas companhias e também na confiança do consumidor.
Ontem, por exemplo, as ações da rede Target desabaram mais de 25% diante da previsão de que o aumento dos custos trará lucros menores. O Walmart também amargou fortes perdas e a fortuna da família Walton, controladora da varejista, caiu nada menos que US$ 17 bilhões com o declínio das ações.
🔎 Atas do BCE e dados macro. Na agenda do dia, os investidores buscarão sinais sobre o estado de saúde da economia e como isso pode repercutir no custo do dinheiro. Nos Estados Unidos, sai o Índice de Indicadores Antecedentes e, na Europa, o foco estará voltado à ata de política monetária do Banco Central Europeu (BCE).
🚦 China x techs. Na China, as ações da Tencent Holdings Ltd. caíam 6,6%, depois de a empresa dizer que levará um tempo até que Pequim aja de acordo com as promessas de apoiar o setor tecnológico chinês. Lá, o mercado também ficará atento à possibilidade de os bancos chineses reduzirem, pela segunda vez este ano, os juros, na tentativa de dar aos consumidores e empresas algum alívio em meio ao estrago econômico causado pelos lockdowns no país.
🟢 As bolsas ontem: Dow Jones (-3,57%), S&P 500 (-4,04%), Nasdaq Composite (-4,73%), Stoxx 600 (-1,14%), Ibovespa (-2,34%)
Wall Street registrou ontem sua maior queda diária em quase dois anos. Os investidores colocaram na balança o impacto da inflação, que reluta em se estabilizar no curto prazo, sobre a política monetária e o crescimento econômico. Em meio a uma venda maciça nos mercados, os preços do petróleo caíram para seu nível mais baixo em quase uma semana, já que os lockdowns pelos contágios de Covid-19 na China nublam as perspectivas da demanda de petróleo bruto.
Na agenda
Esta é a agenda prevista para hoje:
• EUA: Pedidos Iniciais de Seguro-Desemprego; Índice de Atividade Industrial Fed Filadélfia/Mai; Índice de Indicadores Antecedentes dos EUA/Abr; Vendas de Casas Usadas/Abr
• Europa: Zona do Euro (Produção do Setor de Construção/Mar; Transações Correntes/Mar); Reino Unido (Índice CBI Tendências Industriais/Mai; Confiança do Consumidor GfK/Mai)
• Ásia: Japão (IPC Nacional/Abr); China (Taxa Preferencial de Empréstimo do BPC); Hong Kong (Taxa de Desemprego/Abr)
• América Latina: Brasil (Reunião do CMN); Argentina (Atividade Econômica/Mar; Balança Comercial/Abr)
• Bancos centrais: Atas da reunião de Política Monetária do BCE. Discursos de Joachim Wuermeling e Burkhard Balz (Bundesbank); Luis de Guindos (BCE)
• Balanços: Xiaomi, Applied Materials, Palo Alto Networks, Kohl’s, easyJet
--Com informações da Bloomberg News