Mercados em modo de espera em dia de Fed, balanços e indicadores econômicos

Bolsas europeias recuam e futuros de índices avançam sem grandes oscilações; petróleo tem forte alta com intenção de UE banir petróleo russo

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Barcelona, Espanha — Em descompasso, as bolsas europeias operavam no vermelho, enquanto os futuros de índices norte-americanos subiam sem grandes variações. O modo de espera foi ativado hoje, dia de agenda cheia e com eventos cruciais para os mercados financeiros. O principal deles, a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed).

Os títulos de 10 anos do governo norte-americano mudavam o curso dos últimos dias e, instantes atrás, exibiam prêmios menores, apesar de alta altos, em 2,96%. Em linhas gerais, os bônus globais têm reagido com aumento dos prêmios, que induz a uma perda de valor nominal, ao cenário de aperto monetário. O rendimento dos títulos alemães de 10 anos, por exemplo, subia para uma taxa próxima de 1%, enquanto o do Reino Unido girava em torno dos 2%. Estes últimos chegaram a ver seu prêmio superar o pico registrado no auge da pandemia.

Onda de juros mais altos

➡️ Os investidores esperam que o banco central dos Estados Unidos aumente o custo do dinheiro em 0,50 ponto porcentual, o que representaria o maior impulso aos juros desde o ano 2000. Normalmente, quando os bancos centrais começam um ciclo de aperto monetário, tendem a subir as taxas em menor proporção, 0,25 ponto, por exemplo.

📈 O motivo de tanta austeridade, mesmo diante dos riscos de conduzir a maior economia mundial a uma recessão, é a elevada e persistente inflação, que vem rompendo recordes e se situa no maior patamar em 40 anos.

🇪🇺 A integrante do Comitê Executivo do Banco Central Europeu (BCE) Isabel Schnabel disse que é hora de os formuladores de políticas agirem para domar a inflação, e que um aumento das taxas de juros pode vir em julho.

🆙 Enquanto isso, o banco central da Islândia aplicou o seu maior aumento desde a crise financeira de 2008 e a Índia aumentou sua principal taxa de juros em uma jogada surpresa na quarta-feira.

🇧🇷 No Brasil, o Comitê de Política Monetária também arbitra sobre sua taxa: deve anunciar um incremento de 1 ponto porcentual da taxa Selic, para 12,75%. E a expectativa é de que mantenha a porta aberta para um novo aumento.

🇬🇧 Amanhã, o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) deve aumentar juros para o nível mais alto de 13 anos.

Petróleo em alta

A União Europeia propôs proibir o petróleo russo durante os próximos seis meses e os combustíveis refinados no final do ano. Hoje os Estados membros se reunem para discutir, e provavelmente aprovar, a proposição. Esta seria a sexta série de sanções do bloco contra a Rússia. A notícia atua como uma fonte de pressão sobre o petróleo, que avança com força.

Tempero dos balanços

📊 Além disso, os resultados empresariais darão tempero às operações de hoje. Para se ter uma ideia, estão programados 43 balanços de empresas que compõem o S&P e cerca de 20 integrantes do Stoxx 600.

Termômetros da economia

✳️ E como tudo isso não fosse suficiente para deixar o mercado cauteloso, indicadores que medem o ritmo da produção (como os índices de gestores de compras PMIs), do consumo (vendas no varejo, crédito ao consumidor) e inflação (IPCs) serão divulgados hoje em vários cantos do mundo. Se espera, portanto, uma sessão com algo de volatilidade.

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🟢 As bolsas ontem: Dow Jones (+0,20%), S&P 500 (+0,48%), Nasdaq Composite (+0,22%), Stoxx 600 (+0,53%), Ibovespa (-0,10%)

As bolsas dos EUA ampliaram os ganhos da segunda-feira e permaneceram no azul, um dia antes da decisão de política monetária do Fed. O mercado aposta em uma subida de 0,5 ponto porcentual com vistas a controlar uma inflação persistente, com possibilidade de que a taxa alcance em torno de 2,5% no fim do ano. Apesar dos riscos para o crescimento econômico, os investidores continuam a colocar o otimismo à frente.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• Feriados: Japão e China

• Bancos centrais: Decisões de política monetária do FOMC/Fed e do Banco Central do Brasil. Discursos de Burkhard Balz e Joachim Wuermeling (Bundesbank) e de Sam Woods (BoE)

• Indicadores PMI: EUA, China, Zona do Euro, Alemanha, França, Espanha, Itália, Brasil

EUA: Balança Comercial/Mar); Pedidos e Juros de Hipotecas MBA; Índice de Compras MBA; Variação de Empregos Privados ADP/Abr; ISM do Setor de Não-Manufatura/Abr; Atividade das refinarias de Petróleo pela EIA (Semanal); Estoques de Petróleo Bruto; Despesas de Consumo Pessoal (PCE) - Fed Dallas/Mar; Total de Vendas de Veículos

• Europa: Zona do Euro (Vendas no Varejo/Mar); Alemanha (Saldo das Transações Correntes sem Ajuste Sazonal/Mar); França (Balanço Orçamentário do Governo/Mar); Reino Unido (Crédito ao Consumidor BoE/Mar; Massa Monetária - M4/Mar); Aprovações de Hipotecas/Mar)

• América Latina: Brasil (IPC-Fipe/Abr; Fluxo Cambial Estrangeiro)

• Balanços: Equinor, Maersk, Vestas, CVS, Volkswagen, Booking, Airbus, Regeneron, Enel, Uber, Marriott, Moderna, Pioneer, Barrick, Ferrari, Cheniere, EDF, eBay, Etsy, Chesapeake, Telecom Italia, Raiffeisen

📌 E para amanhã:

• Feriados: Japão

• EUA: Reunião da OPEP; Demissões Anunciadas Challenger/Abr; Pedidos Iniciais por Seguro-Desemprego; Custo Unitário da Mão de Obra/1T22; Produtividade do Setor Não Agrícola/1T22; Estoque de Gás Natural

• Europa: Alemanha (Encomendas à Indústria/Mar); PMI de Construção - IHS Markit/Abr; Reino Unido (PMI Composto/Abr; Relatório de Inflação do BoE); França (Produção Industrial/Mar)

• América Latina: Brasil (Índice de Evolução de Emprego CAGED/Abr; Balança Comercial/Abr; Argentina (Produção Industrial/Mar)

• Ásia: Hong Kong (Vendas no Varejo/Mar; Japão (IPC - Tóquio/Abr)

• Bancos centrais: Decisão sobre juros do Bank of England (BoE) e pronunciamento do presidente Andrew Bailey. Discurso de Philip Lane (BCE)

• Balanços: Petrobras, Shell, ConocoPhillips, AB InBev, Shopify, EOG, ICE, Block, BMW, Credit Agricole, Vonovia, Apollo, DoorDash, ArcelorMittal, Zillow, Deutsche Lufthansa

--Com informações da Bloomberg News