Mercados em compasso de espera ante dúvida sobre rumo do juro e da inflação

Cautela e menor propensão ao risco devem perdurar até que se o mercado conheça a nova política de juros do BCE e o comportamento dos preços nos EUA

As variáveis que orientarão os mercados
07 de junio, 2022 | 07:25 AM

Barcelona, Espanha — (Esta nota atualiza e amplia a versão publicada originalmente às 6h33)

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Os mercados amanheceram cautelosos e inclinados à queda. Esta toada deverá se entender até a decisão sobre juros do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira, e a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) dos Estados Unidos, na sexta-feira. O movimento é de queda tanto nas bolsas europeias como entre os contratos futuros de índices norte-americanos. Os bônus recuperam parcialmente seu valor nominal e o bitcoin tem queda expressiva.

Há muito ruído de fundo nos mercados. Os indicadores macroeconômicos vêm transmitindo mensagens confusas em um ambiente com perspectivas pouco ou nada alentadoras. Por esta razão, os investidores estão mais relutantes em assumir posições de risco. E a volatilidade impera nos mercados financeiros.

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🆙 Para o alto e avante. A única certeza nos mercados é que os bancos centrais mundiais continuarão a usar os juros como remédio para controlar a desorbitada inflação. A dose e a duração do tratamento, contudo, permanecem uma incógnita. Hoje, mais um banco central se somou à onda de aumento do custo do dinheiro. A autoridade monetária da Austrália surpreendeu com o seu maior aumento de taxas em 22 anos - alta de 0,50 ponto percentual, para 0,85%, prevista por apenas três dos 29 economistas consultados pela Bloomberg. A instituição indicou que continua empenhada em “fazer o que é necessário” para conter as pressões inflacionárias.

🔥 Efervescência dos bônus. Os investidores se perguntam se a inflação nos EUA já atingiu o pico e quão pesada será a mão do Federal Reserve (Fed) na subida dos juros. Enquanto aguarda o dado sobre a inflação norte-americana na sexta, o mercado de títulos soberanos entra em ebulição. O aumento dos prêmios dos títulos faz crescer a preocupação com os riscos para o crescimento econômico.

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Ontem, os prêmios dos títulos do governo dos EUA superaram a barreira psicológica dos 3%, fazendo encolher o seu valor nominal. Na Europa, a perspectiva de uma atitude mais agressiva por parte do BCE também pressiona o rendimento dos títulos. Porém, esta manhã os bônus se estabilizavam em ambos lados do Atlântico.

Armada de novas previsões e com os preços subindo a um ritmo recorde, a presidente Christine Lagarde e seus colegas do BCE deixarão de despejar trilhões de euros na compras de ativos, cimentando o caminho de saída de oito anos de taxas de juros negativas. Os investidores agora especulam que o fim da política abaixo de zero poderá se materializar logo em julho.

Os preços ao consumidor mais de quatro vezes acima da meta de 2% são suficientemente alarmantes. Porém, as perspectivas econômicas de médio e longo prazo é que sustentarão a mudança do BCE. É provável que suas projeções mostrem que a inflação não cairá abaixo da meta novamente até 2024.

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Um panorama dos mercados, predominantemente em queda, esta manhã

🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrials (+0,05%), S&P 500 (+0,31%), Nasdaq Composite (+0,40%), Stoxx 600 (+0,92%), Ibovespa (-0,82%)

As bolsas dos EUA subiram com o alívio, na China, dos lockdows pelos contágios por Covid-19. Mas a alta do mercado de ações não foi maior que a dos prêmios embutidos nos títulos do Tesouro a 10 anos, que superaram os 3%. As ações do Twitter caíram quase 1,5% com a nova advertência de Elon Musk de que ele poderia suspender a compra da rede social. A Amazon também esteve no centro das atenções no primeiro dia de negociação de seus papéis divididos na proporção de 20 por 1.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Relatório “Perspectivas Econômicas Globais” do Banco Mundial. Balança Comercial/Abr, Índice Redbook, Crédito ao Consumidor/Abr, Estoques de Petróleo Bruto Semanal API

Europa: Zona do Euro (Confiança do Investidor Sentix/Jun); Alemanha (Encomendas à Indústria/Abr, PMI de Construção-IHS Markit/Mai); Reino Unido (PMI Composto/Mai); Espanha (Produção Industrial/Abr, Confiança do Consumidor)

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Ásia: Japão (Índice de Indicadores Antecedentes/Abr, Transações Correntes, Empréstimo Bancário/Mai, PIB/1T22)

América Latina: Brasil (não há eventos relevantes previstos); Chile (Balança Comercial/Mai, Reunião do Banco Central); Colômbia (Indicadores Econômicos da Construção/Mar)

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Bancos centrais: Decisão sobre juros do banco central da Austrália. Discurso de Janet Yellen, Secretária do Tesouro dos EUA

📌 Para a semana:

• Quarta-feira: Decisão sobre juros do banco central da Índia; OCDE divulga relatório bianual sobre as principais tendências econômicas globais e perspectivas para os próximos dois anos

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• Quinta-feira: Decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) e entrevista de sua presidente, Christine Lagarde. Dados sobre comércio e empréstimo da China.

• Sexta-feira: EUA: IPC e Sentimento do Consumidor da Universidade de Michigan. Índices de Preços ao Produtor e ao Consumidor da China

--Com informações da Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.

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