Mercados em alta, apesar de escalada da guerra e novas sanções contra a Rússia

Futuros de índices nos EUA e bolsas europeias sobem e prêmios de bônus ficam mais caros; investidores estão atentos aos desdobramentos da guerra Rússia-Ucrânia

As variáveis que orientarão os mercados
08 de abril, 2022 | 07:37 AM

Barcelona, Espanha — Após uma semana de um intenso vaivém nas bolsas, os mercados parecem querer recuperar-se das perdas acumuladas no período. Apesar do noticiário tumultuado, com a escalada da guerra e nova onda de sanções contra a Rússia, as bolsas europeias e os futuros de índices dos Estados Unidos avançavam.

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Na agenda não há nenhuma referência macroeconômica ou de política monetária capaz de marcar o rumo dos mercados. Os desdobramentos da guerra Rússia-Ucrânia, que parece longe de chegar a um fim, encabeçam o noticiário.

Os contratos indexados ao S&P 500 e ao Nasdaq 100 subiam, embora de maneira menos intensa que no início do dia. O índice Stoxx Europe 600 avançava quase 1%, com os investidores aproveitando as barganhas surgidas com a queda na semana. A avaliação (valuation) das ações de empresas europeias está perto de um mínimo de 16 anos em relação às ações americanas.

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Os títulos soberanos ao redor do globo perdiam valor nominal. Os títulos do Tesouro norte-americano com dois e dez anos de prazo revertiam parte da inclinação da curva observada na sequência da ata do Fed na quarta-feira, que detalhou os planos de redução de seu balanço patrimonial e anunciou a disposição de seguir com a alta dos juros.

⚠️ Nova ofensiva russa

Os olhos estão voltados à guerra. A Ucrânia reportou esta manhã que ao menos 27 pessoas foram mortas e 30 outras ficaram feridas em um ataque com mísseis russos em uma estação ferroviária que estava sendo utilizada para evacuar civis na Ucrânia, disse a porta-voz regional Tetyana Ihnachenko. A estação fica em Kramatorsk, na região de Donetsk, no leste da Ucrânia.

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, aposta que suas tropas podem obter uma vitória no leste da Ucrânia ao resgatar uma operação de seu exército, depois de não conseguir tomar a capital Kiev.

⛔ Sanções econômicas

A União Europeia concordou em proibir as importações de carvão da Rússia. O pacote de sanções, que também inclui a proibição de entrada na UE da maioria dos caminhões e navios russos, foi assinado ontem pelos diplomatas do bloco.

E uma mudança importante no curso das sanções: o Japão também proibirá as compras de carvão russo, informou o primeiro-ministro Fumio Kishida. “As ações cruéis e desumanas da Rússia estão vindo à tona uma após a outra em toda a Ucrânia”, disse Kishida esta manhã, acrescentando que Moscou deve ser responsabilizada.

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⬇️ Rússia surpreende com corte de juros

O banco central da Rússia cortou inesperadamente sua taxa de juros de referência na maior proporção em quase duas décadas, numa tentativa de aliviar uma economia que vem sendo golpeada por uma avalanche de sanções. Em uma reunião que não estava agendada, reduziu a taxa de 20% para 17% e adiantou que novos cortes poderiam ser feitos nos próximos meses se as condições o permitirem.

📊 Semana agitada no horizonte

Os bancos iniciam nova temporada de balanços, o BCE se reúne na quinta-feira e serão divulgados indicadores tão importantes como o índice de preços ao consumidor dos EUA (+7,9% em fevereiro, a maior taxa dos últimos 40 anos) e o indicador alemão de confiança empresarial ZEW (que desabou 90 pontos percentuais em março, situando-se em território claramente negativo, -39,3 pontos, contra expectativas de +5 pontos).

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Assim se movimentam os mercados esta manhã

🟢 As bolsas ontem: Dow (+0,25%), S&P 500 (+0,43%), Nasdaq (+0,06%), Stoxx 600 (-0,21%), Ibovespa (+0,54%)

Após oscilar entre perdas e ganhos, as bolsas norte-americanas finalmente fecharam no positivo. O tom mais duro do Federal Reserve (Fed) deixou os investidores ressabiados quanto aos efeitos de um aperto monetário demasiado intenso sobre a economia. O lado positivo, porém, foi que os mercados conseguiram mais clareza sobre os próximos passos do banco central. Ontem, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, disse ser favorável a uma elevação das taxas de 3% para 3,25% na segunda metade de 2022, enquanto o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, defendeu um caminho “comedido” para levar a política do Fed à neutralidade até o final de 2022 e início de 2023.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• EUA: Estoques e Vendas no Atacado/Fev; Relatório WASDE (com previsões sobre o fornecimento de mercadorias); Contagem de Sondas dos EUA - Baker Hughes

• Europa: Espanha (Produção Industrial/Fev); Itália (Vendas no Varejo/Fev); Portugal (Balança Comercial/Fev)

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• Ásia: Japão (Índice Economy Watchers/Mar; Índice da Confiança entre as Famílias/Mar)

• América Latina: Brasil (IPCA/Mar; Produção e Vendas de Veículos/Mar; Transações Correntes/Fev); Investimento Estrangeiro Direto/Fev)

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• Bancos centrais: Pronunciamento de Fabio Panetta, do BCE

📌 E para segunda-feira, 11:

• Europa: França (Domingo: Eleições Presidenciais - 1º turno); Reino Unido (PIB; Produção do Setor de Construção/Fev; Produção Industrial/Fev; Balança Comercial/Fev; Vendas no Varejo do BRC/Mar)

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• Ásia: China (Domingo: IPC/Mar); Japão (Empréstimo Bancário/Mar; Índice de Preços de Bens Corporativos CGPI/Mar)

• América Latina: Brasil (Boletim Focus do BC); México (Produção Industrial/Fev)

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• Bancos centrais: Discursos de Raphael Bostic e Charles Evans (Fed)

-- Com informações de Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.

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