Mercados caem nos EUA: emprego sai acima do esperado em maio

Foram criadas 390.000 vagas na economia americana, acima das projeções de 328.000; cotação do petróleo volta a ceder

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Barcelona, Espanha — (Esta é a versão atualizada e ampliada às 9h45 da notícia publicada originalmente às 6h31)

O mercado acionário norte-americano já foi de mais a menos esta manhã. Uma das principais razões para a queda nos mercados é a notícia de que o CEO da Tesla, Elon Musk, disse que a empresa líder em carros elétricos precisa cortar o quadro pessoal diante de um panorama econômico sombrio, segundo um email enviado a executivos e visto pela Reuters. Os cortes seriam em torno de 10% da mão-de-obra. Ele mandou o aviso um dia depois do ultimato para que os empregados voltem ao escritório.

A notícia impediu que os futuros de índices dos Estados Unidos sustentassem a alta do começo do dia. Instantes atrás, nas operações prévias à abertura das bolsas de Nova York, as ações da Tesla caíam 4,2%. Os contratos no Nasdaq 100, índice do qual a empresa de Musk é um dos principais participantes, caíam 1%. Os títulos do Tesouro americano com 10 anos de prazo embutiam prêmios mais altos.

Na Europa, as bolsas operavam sem rumo definido, mas o Stoxx 600 subia. O mercado londrino está fechado hoje por causa feriado, portanto a liquidez nos mercados internacionais será menor.

Payroll: criação de vagas acima do esperado

O principal evento do dia, o mais aguardado por investidores, foi a divulgação às 9h30 do relatório de emprego nos Estados Unidos em maio, o payroll: foram criadas 390.000 vagas, acima das projeções médias do mercado que apontavam para algo entre 328.000 e 332.000 nas medianas.

A taxa de desemprego permaneceu em 3,6% (a projeção era de 3,5%), enquanto o pagamento por hora trabalhada subiu 5,2% na comparação com um ano atrás.

→ Outros fatores de influência nas operações de hoje:

🩺 Check-up. Combinadas com a inflação, os dados sobre o mercado de trabalho norte-americano darão uma ideia do estado de saúde da maior economia do mundo e uma pista de como o Federal Reserve (Fed) procederá com sua política de aumento dos juros.

🤔 Como reagir? Diante de tanta incerteza e instabilidade, os mercados têm reagido mal até mesmo quando os dados macroeconômicos são favoráveis, já que reforçam a expectativa de que o Fed suba os juros mais agressivamente para domar a inflação.

Ontem, por exemplo, as bolsas dos EUA subiram com firmeza com o anúncio de que as empresas privadas do país adicionaram, em maio, o menor número de empregos desde que a economia começou a se recuperar da pandemia. A folha de pagamento das empresas aumentou em 128.000 no mês passado, bem inferior aos 300 mil esperados e aos 247 mil postos de trabalho agregados no mês anterior, segundo o Instituto de Pesquisa ADP.

👀 Ver para crer. Mas membros chave do Fed parecem estar reticentes e inclinados à continuidade de aumento dos juros. Ontem, a vice-presidente do Fed, Lael Brainard, disse que são razoáveis as expectativas de alta das taxas em 0,5 ponto percentual neste mês e no próximo. Por ora, ela não vê razão para suspender a política de aperto monetário do banco central posteriormente. “Neste momento é muito difícil ver o caso para uma pausa. Ainda temos muito trabalho a fazer para que a inflação desça para nossa meta de 2%”, disse em entrevista à CNBC.

📉 Petróleo em baixa. Esta manhã, o petróleo voltava ao seu curso de desvalorização. O movimento é uma reação ao anúncio, feito ontem, de aumento da produção em 50% pela OPEP+. O fornecimento de petróleo deve subir dos atuais 432 mil barris por dia para 648 mil em julho e agosto, o que tende a reduzir pressão sobre os preços.

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🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrial (+1,33%), S&P 500 (+1,84%), Nasdaq Composite (+2,69%), Stoxx 600 (+0,57%), Ibovespa (+0,93%)

Depois de começar o mês no vermelho, ontem o mercado acionário dos EUA se recuperou, pois alguns dados econômicos levaram os investidores a esperar uma política monetária menos austera por parte do Fed. Os investidores analisaram as contratações privadas, que apresentaram o menor incremento desde o início da recuperação pós-pandemia, e os pedidos de fábrica, que vieram abaixo do esperado.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• Feriados: Reino Unido, China, Hong Kong

• EUA: Folha de Pagamento (Payroll) do Governo/Mai, Ganho Médio por Hora Trabalhada/Mai, Payroll Privado/Mai, Taxa de Desemprego/Mai, PMI Composto Markit/Mai, Atividade Empresarial Não Manufatureira ISM/Mai

• Europa: Zona do Euro (PMI Composto Markit/Mai, Vendas no Varejo/Abr); Alemanha (Balança Comercial/Abr); França (Produção Industrial/Abr, PMI Composto/Mai); Espanha (PMI de Serviços/Mai)

• América Latina: Brasil (Produção Industrial/Abr), PMI Composto Markit/Mai); Colômbia (Índice de Preços ao Produtor/Maio)

• Bancos centrais: Pronunciamento de Lael Brainard (FOMC/Fed) e Andrea Enria (BCE)

--Com informações da Bloomberg News