Bloomberg Línea — A gigante argentina do e-commerce Mercado Livre (MELI) reportou nesta quinta-feira (5) que teve volume de vendas de US$ 7,67 bilhões, enquanto os analistas estimavam US$ 7,44 bilhões no primeiro trimestre de 2022. A receita líquida consolidada atingiu um recorde de US$ 2,2 bilhões, representando um aumento de 63% ano contra a ano em dólares e 67% em câmbio neutro. Analistas da Bloomberg projetavam uma receita de US$ 2 bilhões.
As ações subiam 7,53% no pós-mercado em Nova York perto das 18h00, horário de Brasília. Mesmo em um cenário macroeconômico difícil, Pedro Arnt, CFO do Mercado Livre, disse em reunião virtual com investidores que o Mercado Livre está repassando aumentos de custos proporcionais como transporte, com aumento dos preços dos combustíveis.
“Se você olhar nossa gestão em relação às taxas de juros, no Brasil principalmente, tivemos aumento das taxas de juros nos últimos três trimestres, e fizemos um bom trabalho compensando isso por meio da precificação. Continuamos procurando balancear e misturar a elasticidade para que a gente não desacelere o negócio mais do que faça sentido”, disse.
Mais cedo, em entrevista à Bloomberg News, o CFO apontou para um ano difícil, com a alta volatilidade global dos mercados, aumento dos preços de commodities e desafios macroeconômicos na América Latina. “Devido à escala que nosso negócio tem agora e ao tamanho que conseguiu alcançar nos últimos dois anos, estamos em um momento atraente, onde acreditamos que podemos sustentar investimentos pesados, mas também melhorias consistentes em nossa geração de lucros”, disse, de Montevideo, para a Bloomberg News.
O Mercado Livre espera usar seu caixa para financiar os investimentos, disse Arnt, dizendo que a empresa continua mantendo sua preferência para crescer organicamente em vez de por meio de aquisições.
Neste ambiente em que cash is king, é ainda mais provável que continuemos mantendo nossa preferência de construir.
Pedro Arnt, CFO do Mercado Livre
Na reunião com investidores na noite de quinta-feira, Arnt afirmou ainda que os serviços do negócios de publicidade do Mercado Livre têm crescido consistentemente, “quase dobrando ano contra ano, com um crescimento de 95% em câmbio neutro”.
Segundo o CFO, o volume de pagamentos processados pelo braço de fintech, o Mercado Pago, superou as expectativas, atingindo US$ 25 bilhões pela primeira vez, com 36 milhões de usuários e um crescimento de 108% comparado ao primeiro trimestre de 2021.
Muito questionado pelos investidores sobre o negócio de crédito e inadimplência, o executivo disse ainda que a carteira de crédito está rentável, com a originação de crédito crescendo e “performando além das nossas expectativas”. A carteira de crédito da fintech cresceu para US$ 2,4 bilhões, enquanto no último trimestre do ano passado era de US$ 1,7 bilhão.
“Estamos fazendo BNPL (Buy Now Pay Later, empréstimos pessoais), é mais arriscado, mas está indo conforme o esperado”, disse.
O Mercado Livre disse ainda que teve quase 40 milhões de compradores únicos no trimestre e o total de itens por cliente continua crescendo em relação ao ano passado. A empresa afirmou que está priorizando o investimento em entregas mais rápidas. No primeiro trimestre de 2022, quase 55% das entregas foram entregues no mesmo dia ou no dia seguinte da compra, alcançando tempos médios recordes de envio no México e no Chile.
Segundo a Bloomberg News, transações com criptomoedas, que foram lançadas no Brasil no ano passado, são vistas como “parte central” da expansão da empresa com produtos que promovem investimentos. O Mercado Livre também está conversando com reguladores de vários países para expandir o produto de cripto pela América Latina.
-- Com informações da Bloomberg News
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