Mercado liga ‘modo cautela’ e recua antes de fala de Powell no Congresso

Das bolsas europeias, passando pelos futuros de índices nos EUA, ouro e petróleo: todos operam no vermelho. Só os bônus soberanos ganham valor

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Barcelona, Espanha — (Esta é a atualização da nota publicada originalmente às 7h00)

Olhos e ouvidos atentos, hoje tem pronunciamento de Jerome Powell. O presidente do Federal Reserve (Fed) se tornou o centro das atenções no mercado financeiro global desde que o banco central apontou para um giro em sua política monetária. A brandura do passado deu lugar a ações enérgicas, como aplicar o maior aumento de taxas nos EUA desde 1994. Tudo para debelar a maior inflação em quatro décadas.

🔴 Hoje, na dúvida sobre se o depoimento de Powell no Senado virá com surpresas na ofensiva contra a inflação, os investidores se retraem e derrubam os mercados de renda variável.

Em meio a preocupações em torno de uma eventual recessão, retornam as apostas em títulos do governo e moedas de refúgio seguro. Os títulos europeus exibiram prêmios mais baixos, rompendo, assim, dois dias de perdas. Os rendimentos dos títulos dos EUA de dois anos chegaram a baixar até 10 pontos base.

→ Fatores que movem os mercados

🗣️ Foco no Powell. Entre hoje e amanhã, o mandatário do Fed dará aos congressistas explicações sobre suas ações à frente do banco central norte-americano. Também falará da situação da maior economia do mundo. A pressão dos políticos será evidente e Powell terá o desafio de transmitir o equilíbrio perfeito entre tranquilidade e pulso firme.

👀 Ver para agir. Diante da fala de Powell, o mercado opta pela cautela. Não há consenso sobre o impacto das subidas de juros sobre a economia - muitos temem por uma recessão. Cada vez mais, diminuem as expectativas de que os bancos centrais consigam fazer um pouso suave neste ambiente de aperto monetário.

⛈️ Prognósticos pessimistas. O ceticismo predomina e enevoa as perspectivas para os ativos de risco em um ano de queda acentuada nos mercados. Os estrategistas do Morgan Stanley e do Goldman Sachs Group alertaram que as ações podem cair ainda mais.

🇪🇺 Na Europa… Especialistas em economia europeia concordam que a incerteza aumentou, mas não esperam que o continente sofra uma estagflação semelhante à dos anos 70, caracterizada pelo rápido aumento dos preços em meio a uma produção estável ou contracionista, de acordo com uma pesquisa do Banco Central Europeu divulgada hoje.

Enquanto as previsões de crescimento foram reduzidas e as expectativas de preços aumentaram após a invasão russa da Ucrânia, a atividade econômica ainda deve subir no próximo ano e a inflação deve cair para abaixo de 2% no segundo semestre de 2023, diz o relatório.

🐎 Mas a inflação ainda galopa. No Reino Unido, a inflação se acelerou para uma nova alta de quatro décadas e está se espalhando para além dos custos de energia, mostram dados divulgados esta manhã. Os preços ao consumidor subiram 9,1% em maio, atingindo uma nova alta de 40 anos. Enquanto os preços do gás natural e da eletricidade continuaram a se destacar, seguidos de alimentos, combustíveis, roupas e móveis.

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🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrial (+2,15%), S&P 500 (+2,45%), Nasdaq Composite (+2,51%), Stoxx 600 (+0,35%), Ibovespa (-0,17%)

As ações tiveram nova jornada de respiro, depois da venda massiva da semana passada em reação a um discurso mais duro do Fed. O sentimento desta semana é ajudado pelos comentários otimistas do presidente Joe Biden de que uma recessão norte-americana poderia ser evitada. Porém, as perspectivas continuam turvas para os investidores, que avaliam se o mercado chegou ou não ao fundo do poço.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Testemunho semestral do presidente do Fed Jerome Powell no Senado. Pedidos de Hipotecas MBA; Pedidos de Refinanciamento Hipotecário; Estoques de Petróleo Bruto Semanal API

Europa: Zona do Euro (Confiança do Consumidor/Jun); Reino Unido (IPC e IPP/Mai; Índice de Preços no Varejo/Mai)

• Ásia: Japão (PMI Industrial e de Serviços/Jun)

América Latina: Argentina (Balança Comercial/Mai)

Bancos centrais: Minuta de política monetária do Banco do Japão (BoJ). Reunião de política não monetária do BCE. Discursos de Luis de Guindos e Frank Elderson (BCE), Sabine Mauderer (Bundesbank), Patrick Harker e Thomas Barkin (FOMC/Fed)

📌 Para a semana:

Quinta-feira: Powell se pronuncia ante a Câmara dos Representantes. Pedidos Iniciais de Seguro-Desemprego. PMIs para a Zona Euro, França, Alemanha, Reino Unido e Austrália. Boletim econômico do BCE

Sexta-feira: Confiança do consumidor dos EUA medido pela Universidade de Michigan dos EUA