Mercados recuam com disparada do petróleo e inflação recorde na Europa

UE supera bloqueio da Hungria e chega a um consenso para sancionar petróleo russo; Inflação na Europa bate novo recorde e renova preocupação por uma política de juros mais agressiva

Por

Barcelona, Espanha — (Esta notícia atualiza a versão publicada às 6h44)

Os preços do petróleo disparam para um patamar acima de US$ 120 e reavivam os temores de que a inflação persistente exija dos bancos centrais uma política monetária mais austera, colocando em risco o crescimento econômico já em situação frágil. O ânimo comprador das últimas sessões e a pausa das bolsas dos Estados Unidos pelo feriado de ontem cedem hoje lugar à cautela.

Esta manhã, a maioria dos contratos futuros de índice dos EUA recuava, depois de estes ativos visitarem, por breves instantes, o campo positivo. Na Europa, o vermelho predomina entre os principais índices de ações - sendo o FTSE a exceção. Os prêmios dos títulos soberanos dos EUA por 10 anos desaceleravam sua alta em comparação com o início da manhã.

Enquanto as ações recuam, a Bitcoin se situa acima de US$ 31.000, pois investidores e estrategistas acreditam que a moeda digital mostra que está perto de tocar o fundo.

→ São estes os fatores de maior influência nesta manhã:

🛑 UE diz não ao petróleo russo. Os líderes europeus conseguiram um consenso para proibir a maioria do petróleo produzido na Rússia, no sexto pacote de sanções para atingir os cofres do país e punir o presidente Vladimir Putin pela invasão à Ucrânia. Como consequência, e também influenciado pelo relaxamento dos lockdowns na China, o petróleo se dirigia para o maior período de ganhos mensais em mais de uma década. O petróleo bruto Brent superou os US$ 123 por barril esta manhã, o maior valor em dois meses. O óleo cru tipo WTI encostava nos US$ 119.

🤯 As últimas da inflação (recorde). O medo das pressões inflacionárias foi intensificado com os últimos dados na Europa, acima do esperado pelos analistas. A inflação da Zona do Euro acelerou para um novo recorde, pressionando o Banco Central Europeu a elevar as taxas de juros de forma mais agressiva após fortes leituras na Alemanha, Espanha e hoje na França. No bloco, os preços ao consumidor de maio saltaram 8,1% em relação ao ano anterior, superando a estimativa de 7,8% dos analistas consultados pela Bloomberg, conforme dados divulgados há pouco.

A inflação francesa acelerou para outro recorde histórico: os preços ao consumidor na segunda maior economia da Zona do Euro saltaram em maio 5,8% frente ao ano passado. Na Alemanha, o IPC de maio disparou para 7,9% na base anual, contra estimativas de 7,6% e 7,4% na leitura anterior. E na Espanha, o IPC subiu novamente em maio, para 8,7% frente ao ano anterior, acima dos 8,3% anotados em abril, conforme dados de ontem.

🤔 Inflação x Crescimento, dúvidas no ar. Estas altas persistentes dos preços, quando os economistas já pensavam terem alcançado um teto, criam incerteza e volatilidade nos mercados. Está cada vez mais difícil tentar prever a política de juros dos bancos centrais - se estes serão mais ou menos agressivos - e se estas medidas trarão recessão às economias.

→ Leia o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: O Brasil numa onda cripto de US$ 50 bi (ou mais)

🟢 As bolsas ontem: Wall Street fechou por feriado. Stoxx 600 (+0,59%), Ibovespa (-0,81%)

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Índice de Preços de Imóveis/Mar), PMI de Chicago/Mai, Confiança do Consumidor/Mai, Índice de Atividade das Empresas Fed Dallas/Mai

Europa: Líderes da União Europeia dão sequência a uma reunião especial em Bruxelas para discutir guerra na Ucrânia, defesa, inflação, energia e segurança alimentar. Zona do Euro (IPC); Alemanha (Taxa de Desemprego/Mai); França (IPC, IPP, Gastos dos Consumidores/Abr); Reino Unido (Crédito ao Consumidor BoE/Abr, Aprovações de Hipotecas/Abr); Espanha (Transações Correntes/Mar)

Ásia: China (PMI) Industrial; Japão (Encomendas de Construção/Abr, Índice da Confiança Entre as Famílias/Mai, Gastos de Capital/1T22, PMI Industrial/Mai)

América Latina: Brasil (Taxa de Desemprego, Dívida Líquida sobre o PIB/Mar, Balanço Orçamentário/Mar); México (Taxa de Desemprego/Abr)

Bancos centrais: Discursos de Elizabeth McCaul (BCE) e Masazumi Wakatabe (vice-presidente do Bank of Japan)

📌 Para a semana:

Quarta-feira: O Fed deve começar a reduzir o seu balanço de US$ 8,9 trilhões. Também divulga o relatório “Livro Bege” sobre as condições econômicas regionais. Discursos de John Williams (Fed de NY) e James Bullard (Fed St. Louis). Reunião virtual OPEC+

Quinta-feira: Discurso de Loretta Mester (Fed de Cleveland)

Sexta-feira: Relatório de Emprego dos EUA em maio. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura libera seu índice mensal de preços de alimentos em um momento de máxima preocupação com o abastecimento global

--Com informações da Bloomberg News