Barcelona, Espanha — (Esta é a versão ampliada e atualizada da nota publicada anteriormente às 6h34)
Depois das perdas amargadas nas últimas sessões, os mercados da Europa e dos Estados Unidos ensaiam alguma recuperação nesta manhã de sexta-feira. Porém, a volatilidade ditará o rumo das operações, que hoje se verão afetadas pelo vencimento de opções nos dois lados do Atlântico.
Nas últimas sessões, o medo de uma recessão econômica, enquanto os principais bancos centrais fechavam a torneira de liquidez, levou os mercados a uma queda. Mas hoje, os mercados acionários norte-americanos e europeus operavam no azul. O índice Stoxx Europe 600 chegou a subir mais de 1,20%, após atingir seu nível mais baixo em mais de um ano. Os contratos do S&P 500 e Nasdaq 100 avançavam com firmeza.
Já o dólar interrompia dois dias de perdas e os prêmios dos títulos do Tesouro de 10 anos subiam, afetando negativamente o valor nominal desses ativos.
Nas operações pré-abertura de Wall Street, a Revlon Inc (REV) subia após um relatório de que a Reliance Industries Ltd estaria considerando comprar a empresa. Destaque de alta para as ações de tecnologia e internet, como Apple Inc, Microsoft Corp e Meta Platforms Inc.
No mercado de dívida, os títulos italianos lideravam a recuperação entre os países europeus, reagindo ao aviso da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, de que os custos de empréstimos para os países mais endividados da zona do euro não poderão sair do controle. Os rendimentos dos títulos italianos a 10 anos caíam 20 pontos base e o equivalente alemão baixou seis pontos base. Nos EUA, os títulos do Tesouro iam na direção oposta.
A Bitcoin rompeu o que representou a maior série de perdas registrada pela base da Bloomberg, com dados que remontam a 2010, e subia de volta para US$ 21.000. O petróleo ganhava à medida que os traders pesavam a perspectiva de um crescimento econômico mais lento e escassez de oferta.
→ Para hoje, volatilidade e muito giro financeiro
🌪️ Mais volume, mais volatilidade. Nos Estados Unidos, o vencimento de opções movimentará US$ 3,5 trilhões no evento trimestral conhecido por “Triple Witching”. Na “hora da bruxa” - no caso do EUA em dose tripla, já que três clases de ativos vencem simultaneamente - é de se esperar que as oscilações sejam atípicas e que haja um grande giro financeiro em um curto espaço de tempo. Isto ocorre porque as carteiras que lastreiam estes derivativos têm de ser liquidadas, ou renovadas, quando os contratos de opções expiram. Na Europa, a hora bruxa será quádrupla, envolverá também futuros sobre ações.
😎 BoJ “diferentão”. Enquanto todos os grandes bancos centrais capricharam no seu discurso “hawkish” contra a inflação, ou seja, aplicando ou sinalizando aumentos mais expressivos dos juros para esfriar o consumo, esta madrugada o Banco do Japão (BoJ) manteve inalterado o custo do dinheiro.
🌊 Onda de aperto. O BoJ desafia a onda global de aperto monetário numa semana em que houve aumento de taxas por vários bancos centrais ao redor do globo: Fed (que aplicou o maior aumento de taxas nos EUA desde 1994), do Banco da Inglaterra (agora com a maior taxa em 13 anos), os bancos centrais de Hong Kong (a terceira subida este ano), da Suíça (+0,50 ponto) e do Brasil (com os juros no maior patamar desde dezembro de 2016)
→ Leia o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: Recessão econômica à vista?
🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrial (-2,42%), S&P 500 (3,25%), Nasdaq Composite (-4,08%), Stoxx 600 (-2,47%), Ibovespa (Feriado)
A recuperação do mercado norte-americano durou pouco e as perdas retornaram, com as ações de tecnologia entre as mais atingidas. Embora o mercado tenha saudado o compromisso do Fed de combater a inflação, prevalecem os temores de uma recessão econômica. Também pesa no ânimo do mercado a agressividade do Banco Central Europeu, que abriu caminho para um aumento das taxas, e do Banco da Inglaterra, que empurrou sua taxa de referência para o nível mais alto desde 2009. O S&P 500 fechou com a pior pontuação desde dezembro de 2020.
Na agenda
Esta é a agenda prevista para hoje:
• Feriado: Argentina
• EUA: Índice do Conference Board de Indicadores Antecedentes dos EUA/Mai, Produção Industrial/Mai, Utilização da Capacidade Instalada/Mai
• Europa: Zona do Euro (IPC/Mai)
• Ásia: Hong Kong (Taxa de Desemprego/Mai)
• América Latina: Brasil (IBC-Br/Mar)
• Bancos centrais: Decisão sobre juros do Banco do Japão. Relatório de Política Monetária do Fed. Boletim Trimestral do BoE. Discurso de Huw Pill e de Silvana Tenreyro (BCE)