Macron cada vez mais perto de vencer as eleições na França

Macron vence Le Pen com 56,2% dos votos contra 43,8%, de acordo com uma média de pesquisa calculada pela Bloomberg

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Bloomberg — O atual presidente da França, Emmanuel Macron, está cada vez mais perto de ganhar outro mandato no comando da segunda maior economia da Europa, já que a líder nacionalista Marine Le Pen tem pouquíssimo tempo hábil para diminuir a diferença da intenção de votos entre eles antes do segundo turno presidencial, que acontece neste domingo (24).

Ambos os candidatos realizam seus últimos comícios em áreas onde lideraram votos no primeiro turno há duas semanas - Le Pen escolheu a região norte de Hauts-de-France, enquanto Macron está na cidade de Figeac, no sul do país.

Em entrevista à rádio France Inter nesta sexta-feira (22), Macron prometeu “tentar encontrar um caminho onde redescobrimos juntos as razões que nos fazem viver como uma nação unida”. Ele afirmou não ter conseguido “dar a perspectiva de progresso e segurança para as classes média e trabalhadora francesas”.

A diferença entre os dois aumentou desde 10 de abril para cerca de 11 pontos percentuais, de acordo com uma média de pesquisa de 22 de abril, à medida que as fraquezas econômicas de Le Pen se tornaram mais evidentes, e os políticos de esquerda e de direita se uniram em torno de Macron. Ele também está se beneficiando de sua estatura de estadista experiente em meio à guerra da Rússia com a Ucrânia.

Le Pen precisava se superar no debate presidencial na noite da última quarta-feira (20) para tentar recuperar o a diferença, mas não conseguiu. O tão aclamado confronto direto acabou sem intercorrências e não pareceu ajudar nenhum dos candidatos a conquistar novos eleitores. Uma pesquisa instantânea publicada na sequência sugeriu que os espectadores acharam Macron um pouco mais convincente, já os mercados reagiram de forma tranquila.

No entanto, suas diferentes visões de mundo ficaram em evidência, especialmente na Europa. Le Pen diz que quer transformar a União Europeia em uma aliança de nações. Macron disse que seus laços com a Rússia e outros eurocéticos destruiriam o bloco por dentro. Ele quer continuar a fortalecer a UE, reforçando a unidade em questões que vão de saúde à segurança.

Os líderes europeus estão acompanhando as eleições de perto e com preocupação. O chanceler alemão Olaf Scholz, o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez e o primeiro-ministro português Antonio Costa pediram aos eleitores que não apoiem Le Pen, mas não endossaram explicitamente apoio a Macron, em uma coluna conjunta publicada em vários jornais na quinta-feira (21).

A escolha é entre o titular que valoriza “a democracia, a soberania, a liberdade e o estado de direito” e um nacionalista que fica do lado de governantes autocráticos como Vladimir Putin, que despertou “memórias dos tempos mais sombrios da Europa”, disseram eles.

Macron vence Le Pen com 56,2% dos votos contra 43,8%, de acordo com uma média de pesquisa calculada pela Bloomberg News em 21 de abril. Isso lhe daria uma margem de vitória menor do que há cinco anos atrás. Mas se Le Pen obtiver mais de 40% dos votos, ela provavelmente emergiria empoderada enquanto ele poderia ter mais dificuldade em implementar sua agenda de reformas, dependendo de como as eleições parlamentares se desenrolarem em junho deste ano.

Durante um comício em Roye, Somme, na quinta-feira (2), Le Pen voltou a discutir e defender questões que foram seu foco durante toda a campanha, posando para fotos e assinando cartazes ao lado de caminhoneiros. Ela disse que quer ser a presidente de pessoas que “lutam” e pediu aos eleitores que votem com sua “razão” e “coração”.

Já Macron estava em uma das áreas mais diversas do país, Seine-Saint-Denis, perto de Paris, em uma clara tentativa de cortejar os eleitores de esquerda, que vêm construindo “muros” para impedir que a extrema-direita tome o poder.

“Ainda não acabou”, disse Macron, pedindo a todos os seus apoiadores que tentem convencer o maior número possível de pessoas a apoiá-lo. “Não devemos nos acostumar com o avanço das ideias de extrema-direita”, disse.

O líder verde francês Yannick Jadot pediu aos eleitores que apoiem Macron “sem prazer, mas sem hesitação” - em um sinal de que uma aliança informal entre partidos contra a extrema-direita não está desmoronando totalmente, apesar da impopularidade de Macron entre muitos da esquerda. O líder de extrema esquerda Jean-Luc Melenchon, embora não endosse explicitamente o presidente, disse que ninguém deveria dar “um único voto” a Le Pen.

– Esta notícia foi traduzida por Melina Flynn, Content Producer da Bloomberg Línea.

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