Lemon Cash prepara para junho cartão cripto no Brasil

Empresa quer lançar no país modelo aplicado na Argentina que usa carteira de criptoativos dos usuários para realizar pagamentos em locais que aceitam cartão

Lemon Chash quer trazer da Argentina para o Brasil modelo de cartão de débito para pagamento em criptomoedas
05 de mayo, 2022 | 10:47 AM

Bloomberg Línea — Usar bitcoin (BTC), ethereum (ETH), solana (SOL), binance coin (BNB) e qualquer criptomoeda para comprar do café na padaria ao próximo iPhone usando um simples cartão convencional é o sonho da maioria dos entusiastas do universo cripto. Em alguns mercados essa realidade já acontece e, em breve, o Brasil deve ganhar um novo competidor, se os planos de expansão da Lemon Cash se concretizarem.

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A empresa argentina pretende implementar até junho o modelo que já existe no vizinho latino, em que o usuário pode realizar compras no cartão de débito e ter o valor deduzido de sua carteira de criptomoedas. O estabelecimento que vende o produto é creditado em moeda local, como em uma transação convencional. “Isso já funciona muito bem na Argentina. Queremos tornar o cripto cool também no Brasil, pois acreditamos que o país será o maior mercado de criptomoedas da América Latina”, disse Marcelo Cavazzoli, fundador e CEO da Lemon Cash, em entrevista à Bloomberg Línea.

Atualmente com quatro funcionários no Brasil, a Lemon Cash quer chegar ao fim do ano com pelo menos 60 pessoas trabalhando. Por enquanto, a empresa está rodando uma versão beta fechada de seu aplicativo no país, que na Argentina já é o mais baixado, superando concorrentes de peso como Binance, Strike e Bitso.

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Dados da Statista mostram que de janeiro a abril de 2022 foram realizados no Brasil 7,2 milhões de downloads de aplicativos de criptomoedas. O volume é três vezes maior que o número de downloads realizados na Argentina, segundo maior colocado no ranking. Por aqui, a plataforma Crypo.com liderou a preferência dos brasileiros, com 19% do total. Em segundo lugar aparece a Binance (14%), seguida pelo MetaMask (10%).

Segundo Cavazzoli, o mercado brasileiro ainda não possui uma solução que misture criptoativos com o sistema financeiro tradicional. Para atrair o interesse dos brasileiros, o executivo promete oferecer um cashback em bitcoin para os usuários e acredita que, em 12 meses, será possível alcançar entre dois e três milhões de usuários no Brasil. “Optamos pelo cashback em bitcoin porque ele é a melhor reserva de valor da história da civilização para cumprir a função do dinheiro”, diz.

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Por enquanto, a Lemon Cash ainda não sabe qual bandeira será utilizada no Brasil. Segundo Cavazzoli, a empresa está negociando tanto com a Visa (V) quanto com a Mastercard (MA) uma parceria de cinco anos que possa ser aplicada em toda a América Latina. Hoje, na Argentina, a Lemon Cash trabalha com a Visa.

Apesar da inovação, a iniciativa da Lemon Cash não é a única. A Binance possui uma iniciativa semelhante na Europa. Desde 2020 a empresa tem uma parceria com a Visa que também permite que os ativos digitais sejam mantidos na forma nativa até o momento da transação no ponto de venda, quando é feita a conversão. Contudo, o cartão da Binance é restrito a usuários localizados no Espaço Econômico Europeu e no Reino Unido.

No Brasil, a empresa também não será a primeira. A Crypto.com lançou no final do ano passado seu cartão de criptomoedas, também em parceria com a Visa. Contudo, a empresa anunciou no último domingo (1°) mudanças em seu sistema de recompensas, reduzindo os benefícios inicialmente oferecidos.

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Diferente do que se possa imaginar, Cavazzoli não enxerga outras exchanges de criptoativos como competidores no Brasil. Na visão do executivo, a solução apresentada pela empresa tem na mira os clientes de bancos digitais como Nubank (NU). “Na Argentina, muitas pessoas já não usam mais bancos. Nosso alvo são pessoas entre 18 e 30 anos, nascidas em um mundo já digital. São elas que vão atrair usuários mais velhos. A geração que ensinou os pais a usarem a internet agora vai aprender com seus filhos como funciona o mundo cripto”, afirma Cavazzoli.

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Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.

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