Bloomberg Línea — Bem-vindo às rodadas da semana. Em tempos de ajustes para a indústria de venture capital, as startups que estão em fase inicial são as mais beneficiadas, segundo o estudo Panorama de Venture Capital na América Latina, da Endeavor e da Glisco Partners.
“Os fundos locais e regionais em toda a América Latina estão atualmente altamente capitalizados. Estima-se que haja um bilhão de dólares disponíveis nos fundos, e esse capital será aplicado nas séries iniciais”, disse Enrico Del Río, diretor de Inteligência da Endeavor para o México .
Durante a apresentação do estudo na Cidade do México, Del Río disse que 37% dos empreendedores analisados nos últimos anos que receberam capital semente conseguiram passar para a Série A.
Ele disse que tempos de crise representam maior dificuldade para startups em estágios mais avançados porque precisam convencer fundos internacionais a investir nelas. Atualmente, 62% do capital investido em startups maduras vem de fundos estrangeiros, segundo a análise da Endeavor.
“O capital em séries mais avançadas será muito menos acessível e isso porque as cotas dos fundos internacionais começam a diminuir”, destacou Del Río.
Especialistas acreditam que o capital de risco não deixará de fluir para a região. A prova é que, apesar do pessimismo do mercado, existem startups que continuam ganhando a confiança dos investidores. Nesta semana, as seguintes startups conseguiram levantar capital para continuar crescendo:
Paggo
A fintech guatemalteca Paggo ajuda micro, pequenas e médias empresas a receber pagamentos digitais por meio de links de pagamento, códigos QR e maquininhas sem aluguel ou taxas mensais. Recentemente, a startup concluiu uma rodada de investimento pré-seed de US$ 600 mil por meio de investidores-anjo localizados na Guatemala, nos Estados Unidos e no Panamá; e eles esperam levantar uma rodada Série A em breve.
Em entrevista à Bloomberg Línea, o fundador da Paggo, Luis Gómez Portillo, disse que, com este investimento, a empresa lançará seus terminais de pagamento. Com isso, eles disseram que se tornarão a primeira fintech a lançar esse tipo de solução em um país da América Central.
Moova
A startup argentina de logística Moova captou US$ 10 milhões e, com esse investimento, tem como alvo os Estados Unidos. Fundada em 2018, a Moova visa transformar a capacidade das frotas de delivery ou empresas de logística em soluções de entrega de pacotes de baixo custo. A plataforma de software de última milha otimiza custos, rotas e quilômetros percorridos pelos entregadores.
A empresa já atua em oito países da América Latina e foi destacada pelo G20 como líder em cidades inteligentes e mobilidade sustentável.
Kriptos
A startup equatoriana de inteligência artificial Kriptos automatiza o processo de classificação e identificação de informações confidenciais. A empresa captou uma rodada de US$ 3,1 milhões liderada pela Act One Ventures.
A CompuSoluciones Ventures, a BuenTrip Ventures e a SVLA Venture Capital também participaram da rodada, além de outros investidores-anjo do setor de tecnologia, com carreira em empresas como Amazon, EA, entre outras.
Negócios Verdes
A GK Ventures anunciou um investimento de R$ 30 milhões na plataforma brasileira de descarte de resíduos industriais Negócios Verdes.
A Negócios Verdes detém 100% do capital das empresas Rolth do Brasil e Sulminas, que trabalham com resíduos da siderurgia. A GK Ventures terá uma participação minoritária na Negócios Verdes. O consórcio gestor, com os investidores Daniel Goldberg e Marco Kgheirallah, passará a deter 36,69% da empresa. Este é o primeiro investimento da GK em empresas que trabalham para reverter as mudanças climáticas. No ano passado, a gestora captou R$ 400 milhões em um novo fundo para investir em empresas em crescimento nos setores de educação, saúde e mudanças climáticas.
Clicampo
A Clicampo, startup brasileira que conecta produtores rurais a restaurantes e varejistas da cidade, recebeu R$ 40 milhões em uma rodada Seed co-liderada pelos fundos Valor Capital Group e Maya Capital, com o apoio de investidores-anjo.
Fundada no ano passado, a startup vai usar o dinheiro para expandir e fortalecer comunidades agrícolas rurais que fornecem alimentos frescos para regiões metropolitanas e aumentar a demanda em novas áreas de negócios e segmentos de vendas, como pequenos varejistas, grandes redes de restaurantes e startups de e-groceries.
Leia também:
O tamanho do crescente mercado de armas para pessoas físicas no Brasil