Bloomberg — O mercado de ações chinês tem visto uma saída sem precedentes de investidores estrangeiros ao longo deste ano, por conta das rígidas restrições para conter o coronavírus, as consequências da guerra da Ucrânia e a turbulência regulatória, que acabaram minando a demanda por ativos do país.
Investidores estrangeiros retiraram 15 bilhões de yuans, o equivalente a US$ 2,2 bilhões, em ações de Xangai e de Shenzhen nos primeiros cinco meses do ano, a primeira saída líquida para o período desde 2017 de acordo com dados da Bloomberg News nesta terça-feira (31). A maior parte da liquidação aconteceu em março, justamente quando o início da guerra na Ucrânia sacudiu os mercados e Xangai entrou em confinamento para conter a covid. De lá para cá, as compras de ativos locais seguiu modesta.
As entradas líquidas nos meses de abril e maio ficaram em cerca de 6,3 bilhões de yuans e 5 bilhões de yuans, respectivamente, em comparação com uma média mensal de 36 bilhões de yuans em 2021. O índice de referência CSI 300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, avançou 1,3% até agora em maio, levando a perda deste ano para cerca de 18%.
Os investidores podem estar esperando por evidências mais sólidas de recuperação por meio de dados econômicos e resultados antes de retornar ao mercado chinês com força.
Um número crescente de analistas e gestores têm olhado para as ações chinesas com maior positividade, mas ainda enxergam um caminho turbulento pela frente, ao invés de uma recuperação em V, como o visto em 2020.
Em 2020, os investidores estrangeiros venderam um recorde de 68 bilhões de yuans em ações em março, no primeiro mês declarado da pandemia, mas rapidamente retornaram ao mercado para aproveitar os ganhos no fim de maio.
Agora, diferentes fatores estão agindo contra um rali mais rápido e que se sustente. O Federal Reserve está apertando os juros e a política de Covid Zero da China tem se mostrado menos eficiente contra a variante ômicron, enquanto os estímulos políticos acabaram ficando aquém das expectativas do mercado.
Investidores estrangeiros podem adquirir ações por meio de um “programa de acesso mútuo ao mercado”, em Hong Kong, chamado de Shanghai-Hong Kong Connect. O canal de investimentos transfronteiriço foi lançado em 2014, enquanto o programa de Shenzhen veio ao ar no final de 2016, permitindo aos investidores estrangeiros um acesso mais fácil às ações locais.
– Esta notícia foi traduzida por Melina Flynn, Content Producer da Bloomberg Línea.
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também
Empresas no Japão terão que revelar diferença salarial entre homens e mulheres
Indústria chinesa apresenta melhora com relaxamento de restrições contra covid