Bloomberg Línea — Com investidores buscando pistas sobre os próximos passos do Federal Reserve, nos Estados Unidos, repercutindo a guerra na Ucrânia, e do Banco Central do Brasil, após dados de inflação acima do esperado, o Ibovespa (IBOV) opera em queda na manhã desta sexta-feira (8).
O movimento é contrário ao visto no exterior, com alta das bolsas na Europa e de díndices futuros dos Estados Unidos.
Em março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou para 1,62%, no maior resultado para o mês desde 1994. O resultado foi puxado principalmente pela alta dos combustíveis, com destaque para a gasolina, e dos alimentos, na esteira da invasão da Rússia na Ucrânia.
- No ano, o indicador acumula alta de 3,20% e, nos últimos 12 meses, de 11,30%, acima dos 10,54% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (8) pelo IBGE.
“A situação preocupa, porque vemos que as políticas monetárias que estão sendo implantadas, com a taxa de juros aumentando reunião após reunião, ainda não estão surtindo efeito nos preços. Considerando um cenário de inflação pujante, não tem como criar um ambiente estável visando crescimento econômico e fortalecimento da cadeia de forma geral; isso tem um impacto negativo na economia real e nos mercados”, avalia Samuel Cunha, economista e sócio do escritório de assessoria de investimentos H3 Invest.
Os investidores também repercutem o impacto de sanções à Rússia nos preços das commodities. A União Europeia concordou em proibir as importações de carvão da Rússia. O pacote de sanções, que também inclui a proibição de entrada na UE da maioria dos caminhões e navios russos, foi assinado ontem pelos diplomatas do bloco.
O primeiro-ministro do Japão Fumio Kishida também afirmou que o país proibirá as compras de carvão russo. “As ações cruéis e desumanas da Rússia estão vindo à tona uma após a outra em toda a Ucrânia”, disse nesta manhã.
- O preço do petróleo subia nesta manhã: o tipo WTI era negociado a US$ 97, enquanto o tipo Brent era negociado levemente acima dos US$ 100.
As ações globais estão sofrendo perdas na semana, à medida que os mercados calculam sobre a campanha do Fed contra as pressões de preços elevadas, a guerra da Rússia na Ucrânia e as dificuldades da covid na China. O lockdown em Xangai – que registrou mais de 21.000 novos casos diários do vírus – se tornou um dos maiores desafios do presidente Xi Jinping. Crescem as expectativas de que a China tome medidas para apoiar sua economia.
Confira o desempenho dos mercados nesta sexta-feira (8):
- Por volta das 10h20 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em queda de 0,32%, aos 118.478 pontos;
- O dólar à vista recuava 0,17%, a R$ 4,74;
- Entre os juros futuros, o DI para 2025 subia 22 pontos-base, a 11,70%;
- Nos EUA, os índices futuros do Dow Jones tinham leve alta de 0,08%, os do S&P 500 operavam estáveis, enquanto os da Nasdaq recuavam 0,31%;
- Na Europa, as bolsas também subiam: o Dax, da Alemanha, subia 1%, enquanto o FTSE, do Reino Unido, tinha ganhos de 0,96%;
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