Guerra na Ucrânia: Possível genocídio em Bucha pode ampliar sanções à Rússia

País é acusado de cometer genocídio na cidade; no entanto, Moscou nega firmemente o fato e alega que imagens divulgadas são falsas

Autoridades encontraram corpos pelas ruas da cidade após retirada das tropas russas
Por Alberto Nardelli - Samy Adhirni - John Follain
04 de abril, 2022 | 05:36 PM

Bloomberg — A União Europeia disse que está elaborando sanções adicionais para penalizar a Rússia pelo que parece ser crime de guerra na Ucrânia e também condenou as supostas atrocidades cometidas contra civis.

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Em declaração em nome do bloco, Josep Borrell, principal enviado estrangeiro da UE, culpou as forças de ocupação russas pelos civis mortos pelas ruas, dizendo que a UE preparará novas sanções “urgentemente”, disse.

As autoridades russas são responsáveis por essas atrocidades, que foram cometidas enquanto elas tinham o controle efetivo da área”, disse Borrell. “Os massacres na cidade de Bucha e em outras cidades ucranianas entrarão para a lista de atrocidades cometidas em solo europeu”.

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O mundo reagiu com horror e indignação aos aparentes crimes de guerra nas cidades ao redor de Kiev, que estavam entre os primeiros alvos das forças invasoras russas. No entanto, não está claro se novas revelações de atrocidades serão um ponto de inflexão na resposta internacional à guerra que já dura quase seis semanas.

Novas sanções da UE serão discutidas nos próximos dias, de acordo com o presidente francês Emmanuel Macron, que pediu “medidas muito claras”.

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“Sou a favor de uma rodada de sanções, particularmente sobre o carvão e o petróleo, que sabemos que são particularmente prejudiciais”, disse Macron em entrevista a uma rádio, acrescentando que a França coordenará medidas adicionais com parceiros europeus, principalmente a Alemanha. “Devemos dar um sinal de que estamos defendendo nossos valores e nossa dignidade comum”, disse.

O Ministério da Defesa da Rússia chamou as fotos dos mortos nas cidades recém-libertadas pelas forças ucranianas de “provocação” de Kiev. O presidente Volodymyr Zelenskiy disse que era mais uma evidência de que a Rússia está cometendo genocídio.

“Aqueles foram crimes de guerra e o mundo reconhecerá isso como genocídio”, disse Zelenskiy durante visita a Bucha na segunda-feira (4).

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A Comissão Europeia, órgão executivo da UE, vem coordenando com os estados membros para aprimorar medidas focadas principalmente na resolução de brechas, fortalecendo as ações existentes – como o controle da exportação de mais bens de tecnologia e a sanção total dos bancos já cortados do sistema SWIFT – e expandindo a lista de indivíduos sancionados com dezenas de pessoas.

Esse conjunto de ações deve ser apresentado na quarta-feira (6).

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Mas à luz dos relatos de que as tropas russas executaram civis desarmados, alguns governos argumentam que as medidas não são suficientes e querem que o bloco discuta um novo e mais rígido pacote de sanções o mais rápido possível, incluindo sobre o setor de energia da Rússia.

O primeiro-ministro polonês Mateusz Morawiecki propôs uma proibição de vistos da UE para cidadãos russos durante entrevista coletiva em Varsóvia, chamando a medida de “indispensável”. A primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, disse que uma quinta rodada de “fortes sanções da UE” deve ocorrer o mais rápido possível.

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Condenamos veementemente as aparentes atrocidades cometidas pelas forças do Kremlin em Bucha e em toda a Ucrânia. Estamos pleiteando a prestação de contas usando todas as ferramentas disponíveis, documentando e compartilhando informações para responsabilizar os envolvidos.

A Alemanha e alguns outros estados membros que dependem do gás russo se opuseram a sancionar o setor de energia, bem como seu comércio marítimo e outros setores importantes. As sanções da UE exigem apoio unânime.

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No entanto, há indicações de que o clima pode estar mudando em Berlim.

Em comunicado a repórteres em Berlim no domingo (3), o chanceler Olaf Scholz disse que a Alemanha e seus aliados concordarão com “mais medidas” contra a Rússia nos próximos dias, sem dar detalhes.

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“Putin e seus apoiadores sentirão os efeitos e continuaremos enviando armas à Ucrânia para que o país possa se defender contra a invasão russa”, disse Scholz. Ele não mencionou as importações russas de gás, petróleo e carvão das quais a Alemanha depende amplamente.

Ainda assim, a ministra da Defesa alemã, Christine Lambrecht, membro do partido social-democrata de Scholz, disse à emissora ARD que a UE deveria discutir a proibição das importações russas de gás natural. O porta-voz do governo Wolfgang Buechner disse a repórteres na segunda-feira que é muito cedo para falar sobre os detalhes e o alcance das novas medidas punitivas.

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Bucha é uma cidade da região metropolitana de Kiev

Pressionado sobre a possibilidade de Bucha levar o governo a abandonar sua resistência a um embargo energético total da Rússia, o ministro da Economia, Robert Habeck, reiterou que a Alemanha está tentando reduzir sua dependência o mais rápido possível e disse que está “progredindo rapidamente”.

A Ucrânia acusou soldados russos de matar civis desarmados, e autoridades afirmaram ter encontrado centenas de corpos em Bucha depois que as tropas russas partiram.

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O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, reiterou que a Rússia “nega categoricamente” as alegações de que suas tropas mataram civis em Bucha, mas não ofereceu nenhuma nova evidência para apoiar as afirmações de Moscou de que as imagens divulgadas são “falsas”. Ele pediu aos líderes estrangeiros que não se apressem em fazer declarações sobre o caso antes de uma investigação.

Uma tentativa russa de convocar uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas para expor suas queixas sobre Bucha foi rejeitada pelo membro permanente, o Reino Unido.

A presidência do Reino Unido no Conselho de Segurança da ONU recusou-se a convocar uma reunião aberta urgente do Conselho de Segurança das Nações Unidas na segunda-feira para discutir sem demora os trágicos eventos em Bucha, conforme solicitado pela Rússia. Sem precedente! O que o país teme?

A UE apoia plenamente a investigação do Tribunal Penal Internacional sobre crimes de guerra e crimes contra a humanidade e está ajudando a Ucrânia nos esforços para documentar provas, disse Borrell.

“Os responsáveis por crimes de guerra e outras violações graves, bem como as autoridades governamentais e os líderes militares serão responsabilizados”, disse.

--Com a colaboração de Natalia Drozdiak, Gregory L. White, Iain Rogers e Michael Nienaber.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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