Guerra do gás piora com corte da Rússia a mais países europeus

Rússia mantém controle sobre mercado de gás da UE no momento em que o bloco se move para impor as sanções energéticas mais duras

Refinería húngara
Por Elena Mazneva - William Mathis e Morten Buttler
01 de junio, 2022 | 07:44 AM

Bloomberg — A Rússia cortou o gás para mais países europeus e semeia mais divisão na Europa em uma escalada de seu uso da energia como arma.

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A Gazprom interrompeu os envios por oleodutos para a Holanda e a Dinamarca nesta semana e, em seguida, surpreendeu os mercados também cortando um pequeno contrato de fornecimento à Alemanha. A Shell e a gigante de energia eólica Orsted se recusaram a cumprir com a exigência do presidente Vladimir Putin de pagamentos em rublos, e a Gazprom respondeu interrompendo os fluxos.

A Rússia mantém seu controle sobre o mercado de gás da União Europeia no momento em que o bloco se move para impor as sanções energéticas mais duras até agora em resposta à invasão da Ucrânia.

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Há meses, Moscou semeia a divisão na Europa através do gás, um recurso imprescindível para o continente, exigindo pagamentos em rublos.

Alguns países se mantiveram firmes, se recusaram a se comprometer com os novos termos que arriscavam violar as próprias sanções do bloco e viram seu gás ser cortado. Polônia e Bulgária foram os primeiros. Em outros países, empresas como a italiana Eni e a alemã Uniper lutaram para encontrar uma maneira de satisfazer as exigências de Putin sem cair em sanções, e seu fornecimento de gás não foi interrompido.

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O primeiro-ministro italiano Mario Draghi disse na terça-feira (31) que a Rússia está tratando os países individualmente de forma diferente. Mas uma pessoa familiarizada com os contratos da Gazprom disse à Bloomberg News que os principais compradores do bloco pagaram de acordo com os novos termos e que, depois da Shell e da Orsted, nenhuma outra empresa será cortada.

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Após semanas de disputas sobre os termos, grandes compradores de gás russo encontraram uma maneira de continuar pagando, enquanto compradores menores com mais alternativas - e em alguns casos uma abordagem mais agressiva em relação a Moscou - se recusaram a ceder.

“É claro que isso é importante, mas os contratos com a maioria desses compradores estavam terminando este ano de qualquer maneira ou são para volumes relativamente pequenos”, disse Jonathan Stern, pesquisador do Oxford Institute for Energy Studies. “As decisões desses compradores ainda não impactaram a maioria das exportações de gás russo para a Europa sob contratos de longo prazo.”

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O corte à Dinamarca ocorre no momento em que o país deve votar na quarta-feira (1°) o pacto militar da UE, um referendo que o governo convocou em resposta à invasão da Ucrânia. Pesquisas sugerem que o país, que tradicionalmente evita uma integração mais profunda com a UE, vai aderir e, assim, se aproximar do bloco.

Da mesma forma, a Finlândia viu suas exportações de energia da Rússia serem cortadas dois dias depois que seus líderes disseram que apoiariam um pedido de adesão à Otan, e os fluxos de gás terminaram três dias após o envio de seu pedido.

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