Bloomberg — Um grupo de países da União Europeia faz pressão para acelerar acordos de livre comércio paralisados, à medida que a guerra da Rússia com a Ucrânia ameaça seus interesses econômicos e de segurança.
Pelo menos 10 nações - incluindo Alemanha e Espanha - preparam um pedido à UE para acelerar as negociações atrasadas, de acordo com rascunho da carta obtido pela Bloomberg. A França se opôs ao andamento de acordos pendentes antes de sua eleição presidencial em abril.
A carta alerta que a UE corre o risco de ficar atrás de outros países, como o Japão, que tem 80% de seu comércio coberto por acordos de livre comércio. Outras nações que se beneficiam desses tipos de pactos comerciais “devem servir de alerta para a Europa”, segundo a carta, que diz que esses acordos são necessários para tornar a UE menos dependente e vulnerável.
“A guerra da Rússia na Ucrânia mostra que as escolhas estratégicas da UE não ocorrem no vácuo, mas em um contexto global onde diferentes potências e blocos econômicos disputam a liderança”, segundo o rascunho da carta, que ainda está sujeita a alterações.
Oposição francesa
A França ocupa a presidência de seis meses da UE desde janeiro, o que significa que pode definir a agenda política e acelerar ou atrasar certas questões. As negociações comerciais costumam ser controversas na França e, no passado, foram usadas como armas durante campanhas eleitorais.
A oposição da França irritou alguns países membros, principalmente no que diz respeito às discussões com o Chile, que é um parceiro importante em áreas estratégicas para as transições verde e digital e tem acesso ao lítio, material fundamental para construir baterias e outros componentes de alta tecnologia.
Os signatários da carta pedem negociações mais rápidas com Nova Zelândia, Austrália, Índia e Indonésia, assim com a implementação acelerada de acordos firmados com Chile, México e Mercosul.
‘Credibilidade’
A carta também diz que o processo para negociar, assinar e implementar acordos comerciais é “demasiado longo”. A UE ainda luta para ratificar seu acordo com o Mercosul concluído em 2019, após quase duas décadas de negociações.
“Se pudéssemos acelerar nosso trabalho para concluir e implementar acordos comerciais negociados, reforçaríamos nossos interesses econômicos e comerciais e aumentaríamos a credibilidade geral da UE como um parceiro comercial sério”, segundo a carta.
Os países que assinam o pedido são: República Checa, Dinamarca, Estônia, Finlândia, Alemanha, Irlanda, Letônia, Portugal, Espanha e Suécia.
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