Bloomberg — A Grécia consegue atender sua demanda de gás natural para o inverno ao explorar a capacidade de armazenagem da Itália, à medida que aumentam as preocupações com a estabilidade doa abastecimento da Rússia para a região.
Embora a Grécia tenha muita capacidade de importação e conte com um terminal de gás natural liquefeito e com o Trans Adriatic Pipeline (ou TAP), que atravessa o país, o país mediterrâneo não tem instalações para armazenar o combustível. Isso pode se tornar um problema na próxima estação se os fluxos de gás russo forem interrompidos pela guerra na Ucrânia.
Se necessário, o ramo do TAP que fornece gás do Azerbaijão para o oeste da Itália também pode funcionar no sentido inverso, levando combustível para a Grécia, de acordo com a DESFA, operadora de gás do país. Esse arranjo pode ser um requisito de uma proposta da União Europeia que obrigará os estados membros com capacidade de armazenagem suficiente a ajudar os que carecem dessas instalações.
“Através do TAP, podemos usar a capacidade de armazenagem da Itália”, disse Michael Thomadakis, diretor de estratégia e desenvolvimento da operadora. “Estamos aguardando resposta da Itália, e é um projeto viável. Provavelmente configuraria uma obrigação”.
No inverno que está por vir, a demanda de gás da Grécia pode subir para 35 milhões de metros cúbicos por dia, sendo 20 milhões do terminal de gás natural liquefeito, 10 milhões através do TAP e uma quantidade semelhante vinda da Rússia. Embora a Grécia atualmente não espere interrupções de abastecimento de gás da Rússia, o país consegue contornar qualquer interrupção no curto prazo, disse Thomadakis.
Em janeiro, a dependência da Grécia do gás russo caiu de cerca de 40% para 33%, enquanto as importações de GNL atendiam a 47% da demanda do país e os restantes 20% eram provenientes do TAP, disse o primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis no início deste mês.
O terminal de GNL Revithoussa, na Grécia, também tem capacidade extra, com cerca de 30 a 35 slots normalmente utilizados anualmente entre 45 disponíveis, disse Thomadakis. Dos 6 bilhões de metros cúbicos por ano que a instalação consegue enviar, cerca de metade vai para o norte – para a Bulgária e Macedônia do Norte – e o restante vai para o mercado grego.
Outro terminal planejado em Alexandroupolis também abastecerá os dois países vizinhos quando for comissionado.
“Teoricamente, poderíamos substituir o gás russo no próximo ano, mas não no longo prazo devido a tantas novas usinas de energia entrando em operação”, disse Thomadakis. “Para a Grécia, temos capacidade de importação suficiente para substituir o gás russo; a principal questão, claro, é onde vamos encontrar o gás a ser importado”.
--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.
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