Bloomberg — Os eleitores franceses vão às urnas pela segunda vez em duas semanas para concluir uma eleição presidencial em que o candidato de centro Emmanuel Macron está em vantagem sobre a nacionalista Marine Le Pen nas pesquisas.
Os planos dos candidatos são diametralmente opostos. Em casa, Macron se mantém fiel a suas crenças em reformas pró-mercado - inclusive um aumento na idade mínima para aposentadoria - para atrair empregos e fazer com que a economia francesa fique mais competitiva. Le Pen quer que os franceses se aposentem ainda antes dos 62 anos da regra atual e promete cortes amplos no imposto de renda e na tributação sobre vendas.
Sobre a União Europeia, Macron mantém sua linha conhecida de fortalecer a soberania europeia com projetos que podem resultar em mais investimentos conjuntos. E embora Le Pen não queira mais sair da União Europeia, as propostas dela são de transformar o grupo num acordo de nações mais frouxo e de fazer um referendo para garantir que a lei francesa prevaleça sobre as regras do grupo para enfraquecê-lo de dentro.
O confronto é uma repetição das eleições de 2017, quando Macron venceu Le Pen com uma margem folgada de quase 33 pontos percentuais. Desta vez, as últimas pesquisas publicadas antes do fim da campanha no domingo mostraram uma distância de 11 pontos.
Depois do primeiro turno em 10 de abril, os mercados ficaram assustados com a distância entre os dois candidatos, de apenas dois pontos. Mas Macron aos poucos conseguiu aumentar sua dianteira enquanto Le Pen enfrentava problemas para capitalizar os ganhos que teve com sua campanha voltada a resolver a inflação nos custos de vida.
Até meio-dia no horário francês, 26,41% dos eleitores já haviam votado, segundo dados do Ministério do Interior. É menos do que o registrado nas eleições de 2017 e de 2012, quando a taxa de participação nesse horário era de 28,23% e 30,66%, respectivamente. Mas é um pouco maior do que a taxa apresentada no primeiro turno deste ano, quando 25,48% haviam votado até meio-dia.
Filha do cinco vezes candidato da extrema-direita Jean-Marie Le Pen, Marine teve a oportunidade de reduzir a distância para Macron durante um debate de três horas transmitido ao vivo na quarta. Mas ela não conseguiu, enquanto Macron jogou os holofotes sobre propostas que ecoam as visões extremistas do pai dela, como banir o uso dos véus islâmicos em lugares públicos.
Macron vota em Le Touquet, onde ele e a mulher têm casa. Le Pen vai votar em Henin-Beaumont, cidade no norte onde a prefeitura é do partido dela e onde ela foi eleita para o Legislativo pela primeira vez.
Na sexta-feira (22), último dia de campanha, Le Pen disse a eleitores do norte da França que Macron tentou “brutalizá-la” no debate e que o “desdém” que ele demonstrou em relação era reflexo de como ele via a França.
Na outra extremidade do país, na cidade sulista de Figeac, Macron convocou apoiadores a convencer o máximo de pessoas que conseguissem a se juntarem a ele, numa tentativa de ativar a “frente republicana” - termo que se refere à aliança pluripartidária que vem impedindo a extrema-direita de chegar ao poder. Ele disse que sua vitória era certa.
“É um referendo sobre o futuro da França”, disse Macron à BMFTV. “Vou trabalhar até meia-noite e depois vou entrar num estado de humildade e reflexão.”