Europa avisa Rússia sobre sanções relacionadas a ‘crimes de guerra’

Evidências poderiam levar a um novo pacote de penalidades, mas ainda não existe consenso sobre sobre quais nem quando seriam implementadas

Moscou não se manifestou sobre acusações de autoridades da Ucrânia
Por Alberto Nardelli
03 de abril, 2022 | 10:30 AM

Bloomberg — Alguns governos da União Europeia estão pressionando para que o bloco imponha rapidamente novas sanções em resposta a vários relatos de que tropas russas executaram civis desarmados em cidades ucranianas, segundo diplomatas familiarizados com as discussões. A Comissão Europeia já estava aprimorando medidas que se concentrariam principalmente no fechamento de brechas, fortalecendo as ações existentes – como controles de exportação de bens de tecnologia e sancionando totalmente os bancos já cortados do sistema global de pagamentos SWIFT e expandindo a lista de indivíduos bloqueados.

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Alguns países da União Europeia argumentam que agora há um gatilho para que as novas penalidades sejam implementadas rapidamente, com autoridades ucranianas relatando evidências de crimes de guerra cometidos por tropas russas em áreas do norte, segundo um diplomata familiarizado com as discussões.

Ainda não há consenso sobre todos os detalhes de um novo pacote, ou quando implementá-lo, mesmo que o braço executivo do bloco procure, entretanto, apresentar um conjunto de medidas corretivas já nesta semana. Um pequeno número de estados membros, incluindo a Alemanha, se opõe a sancionar o setor de energia da Rússia, seu comércio marítimo e outras indústrias importantes, e as sanções da UE exigem apoio unânime.

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A questão para os membros do bloco é quais ações estimulariam um novo e mais completo conjunto de sanções. Alguns continuam argumentando que tais medidas só devem ser exploradas se a Rússia usar armas químicas ou capturar uma grande cidade, disseram três diplomatas, pedindo para não serem identificados, já que as discussões são privadas.

Outros estados dizem que os eventos relatados em lugares como Bucha, uma cidade nos arredores de Kiev, são suficientes para justificar ações. E um dos diplomatas disse que mesmo as novas medidas sobre a mesa não foram suficientes, dada a extensão dos potenciais crimes de guerra. A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, disse em um post no Twitter neste domingo que qualquer pessoa responsável por crimes de guerra deve ser responsabilizada e as sanções seriam reforçadas contra a Rússia.

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A Ucrânia acusou soldados russos de matar civis desarmados, com autoridades dizendo que encontraram centenas de corpos em Bucha depois que as tropas russas partiram. Mykhailo Podolyak, conselheiro do presidente Volodymyr Zelenskiy, postou várias fotos no Twitter de pessoas mortas, algumas com as mãos amarradas nas costas. Moscou não comentou a acusação até agora. O Kremlin disse anteriormente que estava mirando apenas nas infraestruturas militares e importantes.

Odesa foi abalada por explosões na madrugada deste domingo (03/04). A Rússia disparou mísseis de alta precisão de navios e aeronaves que atingiram uma refinaria de petróleo e três instalações de armazenamento perto da cidade portuária do sudoeste, disse o porta-voz do Ministério da Defesa, Igor Konashenkov.

A organização Human Rights Watch disse no domingo que documentou vários casos de aparentes crimes de guerra cometidos por forças russas, incluindo execuções sumárias. “Os casos que documentamos representam crueldade e violência indescritíveis e deliberadas contra civis ucranianos”, disse Hugh Williamson, diretor da Human Rights Watch para Europa e Ásia Central. “Estupro, assassinato e outros atos violentos contra pessoas sob custódia das forças russas devem ser investigados como crimes de guerra.”

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A Ucrânia quer que o Tribunal Penal Internacional envie missões para investigar “crimes de guerra” descobertos em Bucha e outras cidades anteriormente ocupadas, disse o ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba. “Ainda estamos coletando corpos, descobrindo sepulturas, mas a contagem já está em centenas”, disse ele à Times Radio do Reino Unido em entrevista.

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