Bloomberg — O Atlântico deve passar pela sétima temporada consecutiva de furacões hiperativos, uma previsão preocupante para os residentes do litoral e para os mercados de energia e commodities já agitados pela guerra da Rússia na Ucrânia.
Seis a dez furacões podem se formar no Atlântico entre junho e novembro, com três a seis deles se tornando grandes sistemas, previu a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA esta semana. Ao todo, podem se formar de 14 a 21 tempestades – casos extremos devem ser equivalentes aos do ano passado, que foi a terceira temporada mais ativa. As grandes tempestades trazem ventos de 179 quilômetros por hora ou mais. Uma temporada média produz 14 tempestades que trazem ventos de pelo menos 63 quilômetros por hora.
“A preparação antecipada e a compreensão do risco são essenciais para sermos resilientes a furacões e estarmos preparados para o clima”, disse a secretária de Comércio dos Estados Unidos, Gina Raimondo.
Os furacões no Atlântico ameaçam os mercados agrícola, financeiro e energético. Grandes furacões como o Ida no ano passado correm o risco de fechar tudo em seu caminho. Juntamente com os mercados de agricultura e energia, as tempestades ameaçam quase 8 milhões de casas, de acordo com um relatório da CoreLogic de 2021. O custo potencial de reconstrução é de US$ 1,9 trilhão.
A situação está ficando cada vez pior conforme a mudança climática gera o aumento do nível do mar. Aliás, espera-se que o nível do mar ao longo da costa dos EUA aumente em até 30 centímetros até 2050.
Os furacões do Atlântico geralmente passam por locais de produção de petróleo e gás, bem como áreas essenciais de cultivo. A Flórida é o segundo maior produtor de laranjas, ao passo que a Costa do Golfo é o coração da produção de algodão.
Em fevereiro, as plataformas offshore do Golfo do México representavam 14% da produção de petróleo bruto dos EUA e 1,8% da produção de gás natural, segundo o Departamento de Energia dos EUA. Mais de 45% da capacidade de refino dos EUA e 51% da capacidade de processamento de gás estão localizadas ao longo da Costa do Golfo. A gigante de energia mexicana Pemex também tem operações offshore na Baía de Campeche, no sul do Golfo.
Água morna
A previsão deste ano foi anunciada em Nova York em parte para marcar o 10º aniversário do furacão Sandy e porque, como o furacão Ida mostrou no ano passado, os impactos foram muito além do Caribe e do Golfo do México. Os moradores dos cinco distritos da cidade foram instados a conhecer os riscos e as rotas de evacuação.
O furacão Ida atingiu nove estados depois de chegar à Louisiana no ano passado, e inundou o norte de Nova Jersey e a cidade de Nova York. O evento mostrou que “ninguém está imune a essas tempestades”, disse Deanne Criswell, administradora da Agência Federal de Gerenciamento de Emergências. “A hora de se preparar é agora.”
Estes são alguns dos motivos da previsão de furacões: águas mais quentes do que o normal em partes do Atlântico, bem como o La Niña, que permanece no Pacífico equatorial. Tempestades tropicais e furacões precisam calor do oceano para ter energia, e o La Niña diminui o cisalhamento do vento que poderia separá-los.
O Atlântico não tem uma temporada abaixo da média desde 2015, quando 11 tempestades se formaram – 2020 foi um ano especialmente ativo com um recorde de 30 tempestades. A Colorado State University, pioneira na previsão sazonal do Atlântico, previu em abril 19 tempestades para o verão do hemisfério norte. Os registros de furacões no Atlântico datam de 1851.
“Estamos preocupados com a temporada de furacões porque o evento ganhou um significado totalmente novo”, disse o prefeito de Nova York, Eric Adams, em entrevista coletiva. “Quero que todos os nova-iorquinos estejam prontos.”
--Com a colaboração de Joe Carroll.
--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.
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