Bloomberg Línea — A Solinftec deu hoje mais um importante passo para se transformar na primeira Agtech do Brasil a se transformar em unicórnio. A empresa com sede em Araçatuba – que colhe e processa dados de lavouras em tempo real e faz recomendações de ações ao produtor rural – anunciou a captação de US$ 60 milhões por meio de debêntures, que serão conversíveis em ações na terceira rodada de investimentos.
Atualmente, a empresa já monitora 11 milhões de hectares no Brasil, Colômbia e Estados Unidos e tem receita contratada de R$ 200 milhões. A série C está prevista para acontecer no segundo semestre deste ano, quando a companhia acredita que alcançaram o valor de mercado de US$ 1 bilhão e se transformará na primeira empresa do agronegócio a alcançar esse patamar.
“A ideia de fazer uma captação por meio de debêntures é que ela seja uma ponte para a série C que estamos prevendo para o segundo semestre de 2022. Foi a primeira vez que trouxemos fundos internacionais e a ideia é que os recursos sejam usados para financiar a vertical de robótica que lançamos em abril e acelerar nossa internacionalização nas Américas e nosso acesso aos médios produtores de grãos”, disse em entrevista à Bloomberg Línea, Laís Brado, CFO da Solinftec.
No total, quatro fundos adquiriram as debêntures emitidas pela Agtech, mas apenas os dois líderes do processo foram tornados públicos. O Lightsmith Group, fundo que investe em empresas capazes de gerar impactos positivos para o meio ambiente e o Unbox Capital, fundo de private equity encabeçado pela família Trajano, controladora do Magazine Luíza. Os outros dois investidores ainda são mantidos sob sigilo.
Desde que iniciou suas operações em 2007, a Solinftec já levantou quase US$ 100 milhões para financiar seu crescimento. Desse total, US$ 50 milhões foram por meio da venda de participação da empresa e outros US$ 44 milhões através de dívida. Com as debêntures anunciadas hoje, a companhia chega a uma captação de pelo menos US$ 150 milhões no mercado.
Até 2016, a Solinftec tinha como foco principal a coleta e análise de dados de fazendas e usinas de cana-de-açúcar e, com por meio de um software de inteligência artificial chamado Alice, devolve recomendações para o produtor do que deve ser feito. A partir de 2016 a empresa incluiu em seu portfólio de clientes os cinco maiores produtores de grãos e fibras do país e também grupos que atuam com as chamadas culturas perenes, como laranja, café e eucalipto.
“Monitoramos atualmente, em tempo real, 11 milhões de hectares no Brasil, Colômbia e Estados Unidos e temos uma receita já contratada de R$ 200 milhões. Nossos contratos são de pelo menos cinco anos, o que nos garante um faturamento de pelo menos R$ 1 bilhão”, afirma Laís.
Robôs nas fazendas
Com os US$ 60 milhões em caixa, a ideia é que a vertical de robótica lançada no mês passado ganhe força. Até agora, os dados analisados pela inteligência artificial eram coletados por meio de sensores espalhados pelas fazendas ou gerados a partir das operações dos tratores e colheitadeiras. Com seu primeiro robô apresentado durante a Agrishow deste ano, a expectativa é que dados agronômicos comecem a ser gerados, permitindo maior eficiência na aplicação de insumos.
O robô é autônomo, funciona por meio de energia solar. Três horas de luz por dia garantem uma autonomia de três dias. A expectativa é que as máquinas monitorem entre 1 e 1,5 milhão de hectares de grãos nos próximos 12 meses, tendo como principais clientes agricultores do Brasil, Estados Unidos e Canadá. O sistema, batizado de Solix, tem capacidade de monitorar, individualmente, 14 milhões de plantas por semana e determinar a necessidade de aplicação de defensivos, fertilizantes e outros insumos.
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