Bloomberg Línea — O ex-ministro e ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro anunciou nesta quinta-feira (31) que desistiu de se candidatar a presidente da República. Em nota divulgada no Instagram, ele comunicou que tomou a decisão para poder se filiar ao União Brasil.
Na nota, Moro diz que abriu mão da candidatura “nesse momento”, como condição para aceitar o convite do presidente do União, Luciano Bivar, para entrar no partido. Ele agora avalia se candidatar a deputado federal.
O União Brasil é o resultado da fusão entre o PSL, partido pelo qual Jair Bolsonaro foi eleito presidente, e o DEM. A candidatura de Moro a presidente não tem apoio dentro do partido, especialmente entre os parlamentares oriundos do DEM.
Mais cedo, integrantes da direção do União divulgaram carta dizendo que Moro será bem recebido no partido, mas não como pré-candidato a presidente. “Caso seja do interesse de Moro construir uma candidatura em São Paulo pela legenda, o ex-ministro será muito bem-vindo”, diz o texto.
A carta é assinada por ACM Neto, Efraim Filho, Agripino Maia, Ronaldo Caiado, Professora Dorinha, Mendonça Filho, Davi Alcolumbre e Bruno Reis. Segundo a assessoria do União Brasil, esses nomes representam 49% dos votos na direção do partido, cifra suficiente para barrar o lançamento de uma candidatura presidencial.
A iniciativa de barrar a candidatura presidencial de Moro partiu de ACM Neto, que é governador da Bahia. No estado, 70% dos eleitores declaram voto no ex-presidente Lula (PT).
Moro vinha reclamando de sua vida no Podemos. Dizia que tinha pouco dinheiro e pouca estrutura para fazer uma campanha presidencial, que exige viagens constantes por todo o território nacional.
Integrantes do Podemos também não estavam felizes com ele. Reclamavam da falta de musculatura do ex-juiz como candidato e estavam insatisfeitos com a dificuldade da campanha em decolar - o que vinha prejudicando as candidaturas parlamentares, mais importantes para o partido, já que define o tamanho da bancada e a quantidade de verbas públicas que a legenda recebe.
As relações de Moro com o MBL, cujos integrantes se envolveram em diversos escândalos nos últimos meses, também eram fator de atrito entre integrantes do Podemos e aliados do ex-juiz.
Leia a nota de Moro:
O Brasil precisa de uma alternativa que livre o país dos extremos, da instabilidade e da radicalização. Por isso, aceitei o convite do presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, para me filiar ao partido e, assim, facilitar as negociações das forças políticas de centro democrático em busca de uma candidatura presidencial única.
A troca de legenda foi comunicada à direção do Podemos, a quem agradeço todo o apoio. Para ingressar no novo partido, abro mão, nesse momento, da pré-candidatura presidencial e serei um soldado da democracia para recuperar o sonho de um Brasil melhor.