Bloomberg Línea — A proposta do governo federal de pagar um ressarcimento aos Estados que zerarem o ICMS sobre o diesel teve como principal categoria destinatária os caminhoneiros. Uma parte das entidades que representam a classe, no entanto, reagiu com ceticismo e voltou a cobrar mudanças na política de preços da Petrobras (PETR3, PETR4).
“O governo tenta resolver um problema complexo com uma solução tabajara. Retirar o ICMS dos combustíveis, que não é receita da União, é como tomar dinheiro do vizinho para pagar uma conta da minha casa”, disse Wallace Landim, o Chorão, presidente da Abrava (Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores), que tem 35 mil filiados no país.
O líder da entidade lembrou que, para entrar em vigor, a proposta precisaria alterar a Constituição com apoio de dois terços dos congressistas tanto na Câmara como no Senado.
Em 2018, a categoria votou em peso no então candidato Bolsonaro. Estima-se que rodem nas estradas brasileiras 750 mil caminhoneiros autônomos e igual contingente de profissionais contratados por transportadoras. A categoria é fragmentada em dezenas de entidades. A Abrava é uma das mais representativas e foi uma das protagonistas da greve que parou o país e derrubou o PIB em 2018.
Chorão disse que a isenção prometida de PIS, Cofins e Cide não vai aliviar o problema de custos dos caminhoneiros porque representam somente 6% do preço do combustível.
“Os preços dos combustíveis vão continuar subindo. Esse movimento é só um paliativo para aumentar o diesel novamente. Se não aumentar, vai faltar nos postos, o que é fruto da política de preços da Petrobras, empresa criada com dinheiro público e da qual o governo é acionista majoritário”, disse.
Segundo ele, o país é autossuficiente na extração de petróleo, mas não refina a produção aqui por “falta de planejamento, corrupção e incompetência”.
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