Crise na cadeia global de suprimentos é oportunidade para América Latina

Países da região poderão acessar economias desenvolvidas se fornecerem material, know-how e logística, dizem executivos e especialistas

Jennifer Bisceglie, CEO da Interos, fala durante a Bloomberg Technology Summit em São Francisco, na Califórnia
16 de junio, 2022 | 03:05 PM

São Francisco — A perspectiva de uma recessão está cada vez mais presente nos planos das empresas em todo o mundo, mas há espaço também para oportunidades. Alguns executivos do mercado, como Marcelo Claure (ex-COO do SoftBank), estão sendo bastante incisivos sobre o papel da América Latina diante dos problemas da cadeia de suprimentos e sobre como a região pode aproveitar as políticas de nearshoring para se tornar fornecedora para países ocidentais, em detrimento dos fabricantes da Ásia.

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O termo nearshoring é utilizado para designar a terceirização de produtos e serviços de uma cadeia produtiva em países vizinhos ou mais próximos.

A visão de Claure é compartilhada por executivos e especialistas do setor. Jennifer Bisceglie, CEO da Interos, provedora de Inteligência Artificial (IA) para gerenciamento da cadeia de suprimentos, disse à Bloomberg Línea que o cenário atual apresenta uma grande oportunidade para o México entrar na economia desenvolvida.

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À medida que a transição energética impulsiona o investimento em soluções regionais, isso pode gerar oportunidades de emprego na América Latina. A especialista em estratégia do Vale do Silício Michelle Messina disse à Bloomberg Línea que há um grande chamado de nearshoring dos Estados Unidos para que a cadeia se distancie da China, e isso pode se transformar em uma vantagem para negócios no Canal do Panamá, embora também implique riscos.

“Se estivéssemos [na América Latina] nos aproximando e fabricando mais produtos nos Estados Unidos, poderíamos não obter muitas matérias-primas disponíveis em outras partes do mundo. Por criarmos mais matérias-primas, pode ser que não exista tanto trânsito pelo Canal do Panamá. Mas os Estados Unidos são o maior usuário do canal. É difícil prever quais serão os impactos”, disse.

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Já a CEO da Interos afirmou que “todas as cartas estão na mesa agora”, porque o nome do jogo são as fontes alternativas de abastecimento diante da crise global na cadeia.

“Qualquer país do mundo tem a oportunidade de entrar na economia desenvolvida se tiver os recursos, os elementos, as capacidades, o conjunto de habilidades e as pessoas que podem ser treinadas para esses empregos, e se tiverem linhas de transporte para escoar esses produtos”, disse Bisceglie.

A executiva disse acreditar que os problemas da cadeia de suprimentos podem proporcionar oportunidades para que todos os países do mundo tenham acesso a outros mercados, algo que aumentará o seu PIB (Produto Interno Bruto) e os tornarão mais competitivos globalmente.

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Para ela, por exemplo, Brasil e Argentina podem aparecer como fornecedores de lítio para baterias de veículos elétricos dos Estados Unidos, mas isso dependerá das seguintes questões:

  • Esses países têm o material certo?
  • Esses países têm as habilidades certas?
  • Esses países têm um bom transporte?

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups

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