Cinco assuntos quentes para o Brasil na semana

Com feriado de Corpus Christi e a B3 fechada na quinta (16), mercado doméstico só reagirá à decisão do Copom na sexta-feira

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Bloomberg — O mercado espera Copom atento à sinalização sobre final ou extensão do aperto monetário. O maior risco de volatilidade, porém, deve vir da decisão do comitê de política monetária do Federal Reserve nos Estados Unidos, após o rendimento dos Treasuries disparar e pressionar dólar com a inflação mais salgada na sexta-feira (10).

Falas dos presidentes do Fed e Banco Central Europeu e decisões dos bancos centrais britânico e japonês também afetam juros externos. Dados na China movem commodities.

No Brasil, semana encurtada por feriado começa com estreia das ações da Eletrobras (ELET3; ELET6) privatizada na B3 (B3SA3). Congresso pode votar desoneração de combustíveis e energia.

Ciclo do Copom

O mercado espera que o Banco Central eleve a Selic em 0,5 ponto percentual, para 13,25%, na quarta-feira. Os juros futuros caíram após o IPCA abaixo do previsto na quinta-feira (9), mas o mercado segue dividido sobre se o aperto monetário será encerrado, como já sinalizou o BC, ou estendido. A curva de juros mantém prêmio para elevação de 0,25pp em agosto.

Antes do Copom, ainda saem o dado de serviços de abril e o IGP-10 de junho, que não costumam ter peso substancial na política monetária. Com o feriado de Corpus Christi na quinta-feira (16), o mercado doméstico só reagirá à decisão do BC na sexta.

Ritmo do Fed

A inflação dos EUA em maio superou as estimativas, tanto no índice cheio quando no núcleo, e reforçou a expectativa de um Fomc mais agressivo na quarta-feira (15). A maior alta de preços em 40 anos levou o mercado a projetar mais três altas de 0,50pp até setembro pelo Fomc. A curva dos treasuries se inverteu diante do receio de que o aperto leve à recessão. Jerome Powell falará após o Fomc na quarta e em conferência sobre o dólar dois dias depois.

Os EUA têm agenda movimentada de dados, que incluem PPI e vendas no varejo. Zona do euro terá falas de vários dirigentes do BCE, incluindo Christine Lagarde (dia 15), e CPI (dia 17), após surpresa hawkish do BC europeu esta semana. Banco do Japão também se reúne na próxima semana, mas sem expectativa de alta de juro, ao contrário do Banco da Inglaterra, que deve elevar sua taxa.

China e commodities

Os preços das commodities devem seguir oscilando ao sabor das notícias sobre covid na China, mas também podem reagir a dados importantes de atividade do país nos próximos dias. A expectativa é de queda tanto da produção industrial quanto das vendas do varejo na segunda maior economia do mundo em maio. O minério de ferro caiu pelo segundo dia consecutivo em Singapura, com sinais de que a saída da China das restrições contra o surto de coronavírus, que vinha gerando otimismo, não deve ser suave.

As ações da Vale (VALE3) ficaram entre os destaques negativos na bolsa brasileira na sexta-feira. Petróleo aprofundou baixa.

Combustíveis e energia

O Congresso analisa na próxima semana dois projetos para ajudar o governo a aliviar a inflação, que pode sofrer pressão adicional caso a Petrobras (PETR4; PETR3) decida repassar aos seus preços a alta recente do petróleo.

O primeiro desafio, no Senado, será aprovar, já na segunda-feira, o PLP 18, que já passou na Câmara e limita a 17% o ICMS dos combustíveis e energia, além de outros preços. Analistas esperam que este alívio de imposto diminua a inflação em no mínimo 1 ponto percentual este ano.

O outro projeto, que gera receios no mercado pelo impacto fiscal, é a chamada PEC dos combustíveis, que o governo também quer aprovar no início da semana. A emenda é destinada a compensar os estados pela perda com o ICMS menor até o limite de R$ 29,6 bilhões.

Na quarta-feira, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, e o presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, devem participar de discussão na comissão de integração nacional, que incluirá os aumentos dos combustíveis.

Eletrobras

A estreia das novas ações da Eletrobras acontece na segunda-feira (13). A oferta de ações no processo que reduz a presença do governo em seu capital levantou cerca de R$ 33,7 bilhões e mostrou demanda robusta.

O apetite dos investidores pode favorecer IPOs recentemente anunciados, da BRK Ambiental e Corsan, esta última também uma privatização.

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