China: Por que portos atrasam navios para evitar parar em Singapura?

Cadeia de suprimentos já tensa recebe pressão extra com filas e rotas desviadas pela Ásia; MSC chegou a cancelar viagens que passariam por Singapura

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Bloomberg — Navios de contêineres e graneleiros estão contornando o maior centro de reabastecimento da Ásia em Singapura, pois atrasos nos portos da China e de outros países levam os navios a reagendar suas paradas para economizar tempo.

Um total de 3.020 navios escalaram a cidade-estado para reabastecer no mês passado, 441 a menos que no ano anterior, segundo dados preliminares divulgados pela Autoridade Portuária Marítima. Isso fez com que as vendas de combustível para navios caíssem para 3,77 milhões de toneladas em março, a menor sazonalidade desde 2016.

Menos navios estão parando em Singapura, pois o congestionamento nos portos em todo o mundo vem levando as empresas a contornar o centro. O lockdown em Xangai para conter o pior surto de covid da China desde 2020 criou um impasse no maior porto de contêineres do mundo – são filas de navios lá e em outras paradas que processam remessas desviadas. A situação colocou mais pressão nas já tensas cadeias de suprimentos globais.

Centenas de navios graneleiros estão esperando no leste da China para descarregar as commodities e provavelmente reabastecerão em Guangzhou ou Zhoushan – e não em Singapura – para economizar tempo, disseram traders. Os navios estão “travados em áreas congestionadas” e estão queimando muito combustível, disse Jeremy Nixon, CEO da Ocean Network Express, em 5 de abril.

Singapura normalmente é uma parada de reabastecimento para navios de contêineres que passam pelo Estreito de Malaca com mercadorias do nordeste da Ásia para a Europa. Os navios graneleiros que transportam minério de ferro da América do Sul para a China e navios-tanque que transportam petróleo bruto do Oriente Médio para a Ásia também passam pelo porto.

A MSC cancelou viagens da Europa para a Ásia que teriam paradas em Singapura, segundo notificações enviadas a clientes.

“Considerando as circunstâncias, faria mais sentido abastecer na China que em Singapura, a menos que o preço do combustível seja absolutamente monumental”, disse Esben Poulsson, presidente da Câmara Internacional de Navegação, em entrevista. “Não é nenhum segredo que a China quer competir com Singapura nesse negócio”.

Alguns navios também reabastecerão em Fujairah, nos Emirados Árabes Unidos, quando os preços estiverem mais baratos do que em Singapura, disse.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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