Exclusivo: CEOs das teles, alunos tech e coca zero. Os bastidores de Musk no Brasil

Fundador da Tesla e da SpaceX tratou de negócios não só com representantes do governo federal e se reuniu com estudantes do Inteli e do ITA

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Bloomberg Línea — A visita do homem mais rico e midiático do mundo pelo Brasil ganhou manchetes e cobertura digna de celebridade, mas não durou mais do que cinco horas. Elon Musk, o visionário fundador da Tesla (TSLA), da SpaceX e, quem sabe, futuro dono do Twitter (TWTR), deu o que falar em sua visita ao país, mas, no fim do dia, ele veio mesmo para tratar de negócios - business, como se costuma dizer - de suas empresas.

Em visita que teve André Esteves, sócio sênior e principal acionista do BTG Pactual (BPAC11), e Fabio Faria, ministro das Comunicações, como anfitriões mais destacados, o empresário mais famoso do mundo foi recebido em esquema de petit comité por um grupo de executivos e empresários, cuja lista vazou e foi tornada pública na noite da véspera pelo jornalista Lauro Jardim, de O Globo. O presidente da República, Jair Bolsonaro, e ministros com atuação no setor de Defesa estavam devidamente presentes.

O palco escolhido foi o Hotel Fasano Boa Vista, no interior do estado de São Paulo, a cerca de cem quilômetros da capital paulista e estrategicamente acessível para voos internacionais por meio de um aeroporto voltado para a aviação executiva, o Catarina. Tudo sob controle e operação do mesmo grupo, a incorporadora especializada em empreendimentos de alto padrão JHSF (JHSF3).

Foi no Catarina que Musk aterrissou o seu Gulfstream G650ER, um legítimo representante do estado da arte da aviação executiva, por volta das 10h30 da manhã. O jato fabricado pela americana General Dynamics, que ostenta o recorde de voo executivo de maior distância realizado em menor intervalo de tempo, tem um preço estimado em torno de US$ 65 milhões, segundo sites especializados. Isso sem falar na fila de espera, que chegaria a quatro anos. Do aeroporto, um carro - não se sabe se um Tesla - o levou ao hotel.

Musk teve uma recepção digna do seu patrimônio estimado em US$ 212 bilhões, segundo o Bloomberg Billionaires Index: encontrou-se com executivos de atuação destacada em setores tão distintos como o agronegócio e a logística, no caso de Rubens Ometto, da Cosan (CSAN3), ao mercado imobiliário, o financeiro e o de mídia, devidamente representado por outro Rubens, o Menin, da MRV (MRVE3), do Banco Inter (BIDI11) e da CNN Brasil. Zeco Auriemo, da JHSF, anfitrião por direito, e Carlos Fonseca (da gestora Galapagos) também estavam presentes.

Teve convidado que não compareceu: Flavio Rocha, do grupo Guararapes (GUAR3), dono da Riachuelo; e teve quem não constava da lista publicada pelo Globo mas estava presente, caso de Luciano Hang, da Havan.

Os executivos e os empresários participaram de uma reunião conjunta com Musk, que veio tratar na agenda oficial - se é que se pode chamar assim - de acordos para usar satélites de sua outra companhia, a Starlink, para auxiliar no monitoramento da Amazônia e levar conexão à internet para 19 mil escolas.

Antes disso, Musk participou de uma sessão com cerca de 50 alunos, tanto do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos, como do Instituto de Tecnologia e Liderança (Inteli). Trata-se do novo instituto tech em São Paulo lançado por Esteves e Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual, com inspiração em Stanford, no MIT e em outras referências de ensino de tecnologia do exterior.

O empresário respondeu a quatro perguntas, uma delas sobre que conselho daria a novas gerações: “busquem ser úteis. E isso é algo difícil de conseguir”.

Mas o ponto alto de negócios, conforme pessoas familiarizadas com o assunto que pediram anonimato porque não estão autorizadas a comentar, se deu literalmente a portas fechadas de duas suítes do Fasano Boa Vista, sem declarações para a imprensa. Foram quatro reuniões “individuais” com os CEOs de cada uma das quatro maiores empresas de telecomunicações presentes no país: José Felix (Claro), Pietro Labriola e Alberto Griselli (Telecom Italia e TIM Brasil (TIMS3)), Rodrigo Abreu (Oi (OIBR3; OIBR4)) e Christian Gebara (Vivo (VIVT3)).

O teor das conversas entre os executivos não foi divulgado.

Passadas as reuniões de negócios, o fundador da Tesla se deu ao direito de mudar a sua programação e ficou para o almoço. Entre carne bovina ou peixe, Musk ficou com a primeira opção: escolheu um medalhão de filé mignon com molho marsala e risoto de parmesão. Para beber, nada de ostentação com vinhos na casa de quatro ou mais dígitos: Coca-Cola zero em latinhas de alumínio, servidas em taças de cristal, predominaram na mesa que teve Esteves e Bolsonaro nos lugares estratégicos ao lado de Musk.

Já passava das 14h00 do horário local quando Musk deixou o Hotel Fasano Boa Vista a caminho do aeroporto Catarina para pegar o voo de volta para os Estados Unidos.

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