Brasileiro vai usar mais milho para encher o tanque do carro

Produção de etanol a partir do cereal vai crescer 10%, enquanto oferta do combustível a partir da cana cairá mais de 7%

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Bloomberg Línea — A cada 20 litros de etanol que entram diretamente nos tanques dos veículos do Brasil, três são feitos a partir de milho. A utilização do cereal como matéria-prima da indústria de combustível tem crescido a cada ano e, na safra 2022/23, chegará ao seu nível mais elevado e a explicação para isso é muito simples, o preço da gasolina.

Mesmo com as cotações do milho em patamares próximos às máximas históricas, tanto no mercado interno quanto no exterior, a alta dos preços da gasolina tornam viável a produção do etanol a partir do milho. Dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) mostram que a produção de etanol a partir do cereal será de 3,84 bilhões de litros no ciclo 2022/23, 10,7% a mais do que foi produzido no mesmo período do ano anterior.

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Com isso, o etanol de milho vai representar 13,4% da produção total do combustível renovável do Brasil na próxima safra. No ciclo anterior, a parcela de etanol de milho da produção total do país foi de 15,5%. “Para a safra 2022/23, a expectativa é de aumento na produção (de etanol de milho), na contramão do que está previsto para o setor sucroenergético. Mato Grosso se consolida como maior produtor de etanol à base de milho do Brasil”, disse a Conab em seu relatório.

Menos cana para o etanol

Conforme os dados da Conab, o Brasil vai colher 596,06 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na próxima safra. Esse volume representa um crescimento de quase 2% em comparação à produção do ano passado. Desse total, 299,8 milhões de toneladas serão destinadas para produção de açúcar e 299,18 milhões para produzir etanol. Nesse sentido, a produção de açúcar terá um volume 14% maior na próxima safra, enquanto para a quantidade destinada à produção do combustível sofrerá uma queda de quase 8%.

A opção das usinas para destinar mais cana para se produzir açúcar se deve aos preços da commodity. Com a redução na produção de cana-de-açúcar da safra anterior por conta de condições climáticas desfavoráveis, o Brasil reduziu a produção de açúcar. Com a oferta menor do maior produtor mundial de açúcar, os preços passaram por um período de valorização.

“Nesta temporada, deverá retornar ao nível da safra 2020/21, recuperando parte do mercado internacional. Outros fatores que favorecem a produção do açúcar são a melhor rentabilidade, o maior número de contratos a serem cumpridos e a melhor qualidade da matéria-prima nesta safra”, diz a Conab.

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