Brasil segue líder das empresas mais valiosas da América Latina; veja ranking

Empresas de capital aberto mais valiosas da região tem agora unicórnios na lista; veja como se comportaram na última década

Brasil e México dominam lista das empresas mais valiosas da região
27 de abril, 2022 | 11:23 AM

Bloomberg Línea — Do poder da AB InBev (ABEV3), passando pela liderança do Mercado Livre (MELI) e o retorno das empresas hoje dedicadas às matérias-primas, o ranking das empresas de capital aberto mais valiosas da América Latina confirma o poder da maior economia da região, o Brasil, em meio ao aparecimento de unicórnios que hoje fazem tremer gigantes do setor financeiro.

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A Bloomberg Línea analisou o comportamento das 15 empresas latino-americanas listadas em bolsa e que possuem a maior capitalização de mercado em abril de 2022. A partir desta lista, foi analisada a variação que estas tiveram desde 2012.

Embora historicamente existissem empresas como o Grupo Modelo – hoje sob a AB InBev – ou a financeira Cielo, que pertenciam às 15 mais valiosas, atualmente elas não estão no hall da fama das empresas da região. Em contrapartida, o Nubank, que já tinha um valuation astronômico após diferentes rodadas de financiamento, passou a integrar o ranking de empresas de capital aberto após seu IPO em dezembro de 2021.

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Em vez disso, hoje, e com o fechamento do mercado em 25 de abril, a gigante brasileira Petrobras (PETR4) é a empresa mais valiosa da América Latina e está disputando a coroa com sua compatriota Vale (VALE3).

Brasil e México praticamente dominam o top 15 das empresas de capital aberto mais valiosas da região, com um representante da Colômbia e outro da Argentina para completar a lista.

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Matérias-primas na dianteira

O comportamento das duas maiores empresas da região confirma o ressurgimento das matérias-primas, que após a crise do petróleo em 2015 e após o colapso que sofreram em plena pandemia, viram agora os seus preços subir drasticamente.

Os preços de tudo, de grãos a petróleo, não apenas se beneficiaram do ritmo de retomada das indústrias, mas também da eclosão da guerra na Ucrânia, que abalou o mercado de commodities.

Segundo cálculos da Bloomberg, as ações da Petrobras tiveram um retorno de 30,41% em dólares no ano, mesmo estando entre as críticas do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Lula.

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“Os planos de venda de ativos da Petrobras foram interrompidos pela covid-19, mas avançaram a todo vapor em 2021, o que permitiu à empresa reduzir sua dívida”, destacou nota da Bloomberg Intelligence.

(Embora apareçam 14 empresas no início do gráfico, o IPO do Nubank em dezembro de 2021 aumenta o ranking para completar o top 15)

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As ações da Vale, por sua vez, apresentam retornos medidos em dólares de 17,51% até o momento neste ano.

A empresa é a maior produtora mundial de minério de ferro e níquel em um momento em que os preços estão em constante alta devido à interrupção do fornecimento global após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

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Segundo análise da Fitch Ratings, não só o fluxo de caixa deve aumentar no setor de mineração latino-americano, mas haverá um benefício para produtores de minério de ferro de alta qualidade, como a Vale.

Presença mexicana

Em sintonia com o tamanho de sua economia, o México é outro país que se destaca no ranking das empresas de capital aberto mais valiosas da América Latina, reafirmando o tamanho do segundo maior PIB da região. Nesse caso, a América Móvil (AMXL), principal empresa de telecomunicações da América Latina, esteve entre as primeiras colocadas e fecha o top 3 da lista.

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Seu presente é tão auspicioso que, junto com outras empresas do magnata Carlos Slim, consolidou-se como um dos melhores retornos da bolsa mexicana em março. O desempenho das empresas neste período está relacionado à sua exposição aos EUA, além de apresentar valuations atrativos, segundo disse à Bloomberg Línea o diretor de Análise Econômica e Financeira da Monex, Carlos González.

O comportamento, além disso, aproveita o ímpeto com que já vinha desde o ano passado, quando fechou 2021 com um lucro anual que quadruplicou o obtido em 2020, que, no entanto, foi um ano marcado pela pandemia.

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O top 5 é fechado pelo Walmart do México (WALMEX*) e pela Southern Copper Corporation (SCCO), esta última com operações no México e no Peru. A posição do Walmex reflete o bom ano que a empresa está passando, a ponto de anunciar há um mês que seus investimentos vão crescer 35% em relação ao ano passado.

Posição da empresa (quinto lugar na lista) reflete ano de bonança

A Southern Copper Corporation, do Grupo México, é uma das principais produtoras de cobre do mundo, mineral que também se beneficiou do impacto da guerra na Ucrânia sobre as matérias-primas. Seu preço novamente este ano voltou a ultrapassar US$ 10 mil a tonelada na London Metal Exchange.

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O salto vem precisamente de uma melhoria no ano passado que, como explica à Bloomberg Línea Matías Rivera Castro, analista da Inteligo, foi impulsionada “por um aumento do preço do cobre, que corresponde a 89% da produção total da empresa, bem como como o aumento do preço do molibdênio e do zinco, que correspondem a 3% e 6% da produção total da empresa”.

Berço de unicórnios

Mas a lista não só atestou apenas o poder das matérias-primas, mas também a expansão dos unicórnios na América Latina, terreno fértil para o nascimento de empresas avaliadas em mais de US$ 1 bilhão.

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O melhor exemplo foi o do MercadoLivre, que não só abriu o caminho para outras empresas da região, mas, aproveitando o boom do comércio eletrônico durante a pandemia, tornou-se a mais valiosa da América Latina.

Embora as ações da empresa na bolsa nos Estados Unidos tenham caído mais de 20% no ano, juntamente com o fraco desempenho que as empresas de tecnologia tiveram no país devido ao risco de aperto da política monetária do Federal Reserve, sua alta se mantém desde 2012: passou de um valor de cerca de US$ 4 bilhões para mais de US$ 50 bilhões, semelhante ao trajeto de gigantes da indústria automotiva como a BMW.

E se estamos falando de unicórnios, não podemos deixar de citar o Nubank (NU), que não só se tornou um dos maiores bancos do Brasil, mas com sua listagem na Bolsa de Valores de Nova York no ano passado passou a fazer parte do rol das mais valiosas da América Latina.

As perspectivas podem ser ainda melhores no ano que vem. De acordo com Diksha Gera, analista bancário da Bloomberg Intelligence, “o Nubank pode reportar um lucro não ajustado de cerca de US$ 260 milhões em 2023, à medida que se expande no Brasil, México e Colômbia, após uma perda potencial de US$ 330 milhões em 2022 devido a maiores gastos de provisão e despesas operacionais.

A empresa, cofundada pelo colombiano David Vélez, o norte-americano Edward Wible e a brasileira Cristina Junqueira, tem um valor de mercado superior a US$ 30 bilhões que, embora inferior ao que começou, permite que esteja na 12ª posição das maiores da região.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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Carlos Rodríguez Salcedo (BR)

Jornalista colombiano, especializado em economia. Fui jornalista e editor do jornal La República, com experiência em questões macroeconômicas, comerciais e financeiras. Eu também trabalhei para a agência de notícias Colprensa.

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