Bolsonaro recupera eleitores, mas economia ainda é desafio, diz pesquisa

Segundo Genial/Quaest, intenções de voto no presidente subiram cinco pontos e a rejeição ao governo caiu

Por

Bloomberg Línea — O presidente Jair Bolsonaro (PL) vem melhorando seu desempenho nas intenções de voto, mas a situação econômica do país afeta seu crescimento. Segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira (7), o presidente ainda está em segundo lugar, mas cresceu cinco pontos e está com 31% das intenções de voto. O ex-presidente Lula (PT), que está em primeiro, segue estagnado com 45%.

A avaliação do governo também vem se recuperando. De acordo com a pesquisa divulgada hoje, 47% dos brasileiros classificam como negativa a administração de Bolsonaro. No mês passado, eram 49%. Em contrapartida, em março, 24% dos brasileiros consideravam o governo positivo. Agora são 26%.

Mas 62% dos eleitores acham que a economia piorou nos últimos anos, 74% acreditam que os preços dos produtos vão aumentar e 59% disseram que sua capacidade de pagar as próprias contas piorou no último ano.

Ao mesmo tempo, 46% dos entrevistados disseram que a economia é o principal problema do país - queda de cinco pontos em relação à última pesquisa, mas ainda a resposta mais frequente. E 24% dos pesquisados responderam que Bolsonaro é o principal culpado pela alta dos combustíveis.

De acordo com a pesquisa, isso se reflete na rejeição ao presidente. Embora as avaliações negativas tenham caído de 56% para 47% entre novembro do ano passado e o início de abril deste ano, 52% dos entrevistados ainda acham que o governo Bolsonaro está “pior do que esperava”.

Sem terceira via

Assim como a pesquisa XP/Ipespe divulgada ontem, a pesquisa Genial/Quaest detectou que as indefinições da chamada terceira via prejudicaram os candidatos que se identificam com ela e favoreceram Bolsonaro.

Segundo a Quaest, a proporção de eleitores que não pretendiam votar nem em Lula e nem em Bolsonaro, os chamados “nem-nem”, caiu de 25% para 19% entre janeiro e abril.

A Quaest credita o movimento aos últimos acontecimentos entre os demais candidatos.

Na semana passada, o agora ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) chegou a anunciar que desistiria da candidatura, se desfiliaria do PSDB e concluiria o mandato no governo. Horas depois, voltou atrás, renunciou ao cargo de governador e manteve a candidatura.

Segundo a pesquisa, a indefinição de Doria fez com que sua rejeição chegasse a 63% dos eleitores e ultrapassasse a rejeição a Bolsonaro (61%) pela primeira vez.

De janeiro para cá, a rejeição a Bolsonaro caiu de 66% para 61%. Já a de Doria saiu de 60% para 63%.

A saída de Sergio Moro (União Brasil) da disputa também ajuda Bolsonaro. Também na semana passada, o ex-juiz da Lava Jato se desfiliou do Podemos, partido ao qual se filiou para concorrer, e se filiou ao União Brasil, legenda que resultou da fusão do DEM com o PSL, partido com o qual Bolsonaro se elegeu em 2018.

Para entrar no União Brasil, no entanto, Moro teve de aceitar a condição de desistir da candidatura presidencial e montar um projeto local em São Paulo, provavelmente uma candidatura a deputado federal.

Segundo a Quaest, dos 6% de intenções de votos que ele tinha, dois pontos vão para o presidente e os outros quatro são divididos entre Lula, Ciro Gomes (PDT) e Doria.

“Estamos vendo dois fenômenos: a volta dos eleitores do presidente ao ninho bolsonarista e o desencanto dos eleitores com o possível surgimento de uma terceira via. Há uma tendência de os votos do Moro, principalmente, migrarem para o Bolsonaro”, afirma o CEO da Quaest, Felipe Nunes.

A pesquisa foi feita entre os dias 1 e 3 de abril e ouviu duas mil pessoas em domicílio em 127 cidades. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O registro no TSE é BR-00372/2022.

Leia também