Bolsonaro pede ajuda de Biden para conseguir reeleição, dizem fontes

Presidente brasileiro reforçou ao líder americano que planos de Lula vão contra os interesses dos Estados Unidos

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Bloomberg — O presidente Jair Bolsonaro pediu ajuda ao presidente americano Joe Biden em sua corrida pela reeleição durante uma reunião privada paralela à Cúpula das Américas nesta semana, retratando seu principal oponente de esquerda como um perigo para os interesses americanos, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.

Durante a reunião de quinta-feira (9), Biden enfatizou a importância de preservar a integridade do processo eleitoral democrático do Brasil, e quando Bolsonaro pediu ajuda, o líder americano mudou o assunto, disse uma das pessoas. Os comentários de Bolsonaro a Biden sobre Lula ecoaram seus avisos públicos sobre o ex-presidente, segundo as fontes, que pediam anonimato sobre o encontro.

A assessoria de imprensa do Planalto não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da Bloomberg News, ao passo que a assessoria de imprensa da Casa Branca não quis comentar imediatamente.

A reunião de quase uma hora, a primeira desde a eleição de Biden em 2020, aconteceu majoritariamente em particular durante a Cúpula das Américas em Los Angeles. Bolsonaro disse a repórteres posteriormente que ele e Biden “falaram superficialmente” sobre as eleições. Em comentários públicos no início da reunião, Biden disse que o Brasil tem uma democracia vibrante e inclusiva e instituições eleitorais sólidas.

As pesquisas mostram que Bolsonaro está atrás de Lula antes das eleições brasileiras de outubro. Lula ganharia 47% dos votos no primeiro turno, enquanto Bolsonaro obteria 29%, segundo pesquisa da Quaest na quarta-feira (8).

Os EUA têm uma política firme de não escolher um lado nas eleições de outros países, defendendo que a votação deve refletir os desejos do povo do país.

Ainda assim, os presidentes dos Estados Unidos frequentemente se afastaram desse ditame, como quando Barack Obama expressou sua oposição ao Brexit antes da votação. E a história está repleta de sucessivas administrações dos EUA apoiando líderes estrangeiros em eleições – como Boris Yeltsin na Rússia nos anos 90.

Bolsonaro, aliado próximo do ex-presidente americano Donald Trump, expressou esta semana dúvidas sobre a legitimidade da vitória eleitoral de Biden. Em comentários a um canal brasileiro em 7 de junho, Bolsonaro afirmou que houve fraude generalizada nas eleições americanas que elegeram Biden, repetindo as teorias conspiratórias que o ex-presidente dos EUA levanta consistentemente desde novembro de 2020.

Os comentários ecoaram as tentativas renovadas de Bolsonaro de desacreditar o sistema de votação eletrônica no Brasil.

Bolsonaro foi um dos últimos líderes a parabenizar Biden por sua vitória, e as relações entre as duas maiores economias das Américas haviam esfriado. No entanto, durante o encontro, a dupla pareceu se dar bem, e o líder brasileiro descreveu a reunião como “sensacional” e “muito melhor” do que ele esperava. Em comentários à CNN Brasil, ele disse que estava “maravilhado” com sua contraparte americana.

Após a foto oficial dos líderes regionais quando a cúpula terminou na sexta-feira (10), Biden ficou para conversar com Bolsonaro, tocando o líder brasileiro nas costas enquanto Bolsonaro colocava sua mão no ombro de Biden.

Lula, que foi presidente de 2003 a 2010, teve um bom relacionamento com o presidente americano Barack Obama, de quem Biden foi vice-presidente durante quase dois anos, quando a dupla se sobrepôs como chefes de governo.

Falando de Lula durante uma cúpula do G-20 em Londres em 2009, Obama disse: “Este é o cara” e “Eu amo este cara”.

--Com a colaboração de Josh Wingrove, Simone Iglesias e Nick Wadhams.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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