Bitcoin abaixo de US$ 30 mil é chance de compra, dizem especialistas

Apesar de cenário incerto para criptos, moeda digital oferece oportunidade visando o médio e longo prazo

"O bitcoin, no preço que está agora, está barato", diz analista
12 de mayo, 2022 | 03:28 PM

Bloomberg Línea — Com o bitcoin (BTUSD) no menor patamar em 16 meses, investidores têm aproveitado para ampliar a fatia no portfólio, de olho em uma retomada no futuro. Mas faz sentido comprar agora? Quais cuidados ter em mente e que outras criptos também oferecem oportunidade?

PUBLICIDAD

Helena Margarido, analista de criptomoedas da Monett, chama atenção para o custo de mineração do bitcoin, que envolve energia elétrica, preço de maquinário e as dificuldades do processo.

“Se [o investidor] levar isso em consideração, o bitcoin no preço atual está barato. Até chegar aos US$ 44 mil é oportunidade de compra, visando o médio e longo prazo”, disse. Nesta quinta-feira (12), a moeda digital era negociada abaixo dos US$ 29 mil nas últimas 24 horas.

PUBLICIDAD

Segundo ela, para o investidor que já tem posição em bitcoin faz sentido ampliar, considerando o patamar atual. O mesmo vale para quem ainda não tem cripto na carteira, mas quer começar a investir. Ambos os movimentos, contudo, devem ser feitos aos poucos, de forma a fazer um preço médio e sempre com foco em um horizonte mínimo de dois anos de investimento, reforça.

A avaliação é compartilhada por João Marco Cunha, gestor de portfólio da Hashdex. “Se o investidor tinha um determinado tamanho de posição e isso fazia sentido para o seu apetite ao risco, vale rebalancear o portfólio e comprar um pouco após o movimento de preço que reduziu a posição”, avalia.

PUBLICIDAD

O percentual na carteira, contudo, deve ser pequeno, de forma a ser uma “pimentinha” do portfólio. Para investidores de perfil conservador, uma alocação entre 1% e 5% da carteira pode fazer sentido, segundo Cunha. Já para uma pessoa com alta exposição à Bolsa, uma alocação em cripto poderia ser entre 10% e 15%.

“É o momento de aproveitar os preços. Eu mesmo aumentei minha posição em 30%”, conta Ney Pimenta, fundador da BitPreço, que destaca o momento como oportunidade, tanto em bitcoin quanto em ethereum (ETH).

Margarido, da Monett, lembra que tem uma atualização a ser feita, o Ethereum 2.0, que deve acontecer nos próximos meses. “Pensando nas alterações que serão feitas, o Ether abaixo de US$ 2 mil também é sinal de compra”, defende.

PUBLICIDAD

Na segunda-feira (9), o governo de El Salvador anunciou que comprou 500 bitcoins, em sua maior compra até hoje da criptomoeda. Segundo o presidente Nayib Bukele, o governo comprou as moedas a um preço médio de US$ 30.744.

O caso Terra (LUNA)

Investidores de cripto têm dividido a atenção entre a queda do Bitcoin e do mercado em geral e o crash que as criptomoedas UST e Luna em particular estão enfrentando.

PUBLICIDAD

Isso porque o experimento do stablecoin, criado pela Terraform Labs, tem sido submetido a uma verdadeira prova de fogo desde o último fim de semana, quando começou sua queda. O UST é uma moeda estável, ligada ao dólar americano e que – em teoria – procura escapar da volatilidade das moedas digitais.

O problema é que desde o último fim de semana a estabilidade que promete se desvaneceu. A queda também afetou o preço do bitcoin, que chegou a ser negociado abaixo de US$ 30 mil.

PUBLICIDAD

“Em Terra (LUNA), os fundamentos foram muito abalados. Ela chegou a valer US$ 117 e agora não vale nem US$ 1. O problema é que isso pode vir a zero, por isso não acho que seja o momento de entrar. Não tem como medir o impacto ainda”, avalia Margarido, da Monett.

Mercado está para peixe?

Nos últimos dias, três instituições financeiras anunciaram a entrada no mercado de criptomoedas: o Nubank (NU), o BTG Pactual (BPAC11) e a XP (XP).

PUBLICIDAD

O Nubank fez uma parceria com a startup de blockchain Paxos Trust para permitir que seus clientes comprem, vendam e mantenham criptomoedas. A princípio, bitcoin (BTC) e ethereum (ETH).

No caso da XP, a corretora lançou uma exchange de criptomoedas, a XTAGE, em parceria com a Nasdaq, também oferecendo inicialmente as duas criptomoedas de maior valor de mercado. Segundo a empresa, a plataforma deve estar 100% operacional no final do segundo trimestre

PUBLICIDAD

Já a plataforma Mynt, do BTG Pactual, será lançada em no máximo dois meses e também será destinada a investidores pessoa física, segundo anunciou na segunda-feira (9) o presidente da instituição, Roberto Sallouti.

Para Margarido, da Monett, o movimento de novas exchanges é benéfico para o investidor pessoa física, que passa a contar com mais opções no mercado, aumentando a competitividade e reduzindo taxas.

PUBLICIDAD

Volatilidade na veia

Apesar das “pechinchas” no mercado cripto, especialistas ressaltam que nem tudo faz sentido, como é o caso de NFTs e outras altcoins.

“Se o bitcoin e o ether são voláteis, as NFTs são absolutamente mais arriscadas e, nesse momento, é melhor optar pelas mais ‘estáveis’ e consolidadas”, destaca Margarido.

PUBLICIDAD

Pimenta, da BitPreço, chama atenção para o fato de as NFTs serem um mercado novo, enquanto o bitcoin já existe há 13 anos. “Não aconselho, tem altíssimo risco e é muito arriscado em um momento como esse.”

No caso do bitcoin, especialistas ressaltam a importância de o investidor ter em mente a alta volatilidade da moeda digital.

“É um mercado muito volátil, o investidor nunca vai acertar o menor preço para comprar. É possível que a pessoa compre hoje e amanhã caia mais, mas não pode se desesperar. Por isso que não pode ser um dinheiro de reserva de emergência”, afirma Pimenta, da BitPreço.

Cunha, da Hashdex, concorda. “Estamos vivendo o terceiro drawdown de 50%. Como a volatilidade em cripto não é um evento raro, é algo que está dentro do rol de possibilidades. Não há motivo para pânico, mas um cenário natural que deveria estar na cabeça do investidor.

“É preciso ter paciência e resiliência para não abandonar uma posição, porque é o pior a ser feito no momento”, completa.

Leia também:

Surge o 2º unicórnio da América Latina em uma semana, em meio ao sell-off nos EUA

Turquia é a mais recente a congelar preços para controlar inflação; há risco no Brasil?

Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.

PUBLICIDAD