Bloomberg — A BHP está disposta a proteger sua joint venture com a Vale (VALE3), a Samarco, e vê espaço para negociar com os credores no processo de reestruturação de dívida.
“Estamos absolutamente comprometidos em garantir que a Samarco seja redefinida como a operação sustentável que sempre foi e deve ser novamente para as próximas décadas”, disse Simon Duncombe, vice-presidente de joint venture não operada da BHP no Brasil, em entrevista. Ele negou qualquer intenção de se afastar do investimento.
A Samarco não conseguiu pagar sua dívida de R$ 50 bilhões após o rompimento de sua barragem em 2015, que matou 19 pessoas em Mariana, Minas Gerais. A empresa interrompeu a produção e levou até dezembro de 2020 para poder reiniciar parcialmente as operações.
A BHP e a Vale estão apoiando o plano apresentado na quarta-feira (18) por dois sindicatos de trabalhadores que representam os credores da Samarco. No entanto, a BHP quer o direito de votar em ambos os planos alternativos apresentados nesta semana.
“Vamos tentar votar no plano dos credores e também no plano do sindicato”, disse Duncombe.
Os detentores de títulos apresentaram um plano para assumir o controle da joint venture e reduzir os R$ 24 bilhões que a Samarco disse dever à Vale e à BHP para menos de R$ 960 milhões. Ele concorrerá com o plano apresentado pelos sindicatos, que é uma versão revisada da reestruturação da dívida da mineradora brasileira, com alterações.
Mesmo sendo acionistas, Vale e BHP argumentam que não têm conflito de interesse na votação para decidir sobre um plano proposto por outras partes interessadas, e estão pedindo à Justiça o direito de voto.
Duncombe vê “muitos mais capítulos a serem escritos” na saga de reestruturação iniciada em abril de 2021. A nova proposta do sindicato pode atrair votos de credores de fora do grupo ad hoc composto por 17 fundos, incluindo Oaktree Emerging Market Debt Fund, ou mesmo do grupo, disse. O plano estipula que os bondholders podem vir a receber pagamentos extraordinários se as projeções do plano anterior forem muito conservadoras.
Há também questões legais pendentes que terão de ser enfrentadas pelo juiz responsável pela reestruturação da Samarco. Isso dá tempo para mais rodadas de negociação com os credores.
Duncombe disse que a BHP está aberta a “discussões construtivas”, mas está “absolutamente disposta” a implantar todas as medidas legais necessárias para proteger a Samarco.
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